Florença

Penso em Florença, e uma imensa nostalgia toma conta do meu coração.

Não tenho como voltar àquela cidade que se tornou mãe e

senhora das minhas mais doces lembranças da Itália que eu

conhecí.

Me vejo enamorado, caminhando pelas suas ruas majestosas.

Sinto o seu cheiro como se estivesse lá. O perfume das flores nas varandas, nos jardins, o perfume do marmore envelhecido, o perfume do espirito de Florença, das pessoas que lá vão, para enriquecerem suas vidas e se embebedarem com o encanto dos seus monumentos.

Em Florença, parece que a natureza humana esgotou toda a sua criatividade, e deu de presente ao povo Italiano, aquilo que é o sonho de todos os povos: A supremacia da beleza e das artes.

Se sessenta por cento de todos os monumentos artisticos da

humanidade estão na Itália, e uma grande parte em Florença,

é difícil até se acreditar que um povo possa ter ido tão longe. Desafia a própria imaginação!

Que bom gôsto, que refinamento se apoderou do povo de Florença!

Fecho os olhos novamente e me vejo caminhando pelas suas ruas estreitas ou medianas. Não existe um só espaço vazio.

Tudo se harmoniza e se completa na mais perfeita harmonia,

como se alguem construísse uma sinfonia de mármore.

Com seus chafarizes, suas fontes e seus adereços, Florença

é para mim, a cidade mais perfeita para se viver e se entregar aos prazeres de admirar as artes, que alí encontraram a sua mais perfeita forma.

Há momentos, não se sabe explicar como é construído este momento ou época, em que o homem consegue uma perfeição tão

distinta, que nele se reflete o espírito de Deus, e ele se torna um deus.

Nestas épocas, o que o homem constrói - estes monumentos - seriam um reminiscência do paraíso? Florença seria a memória de deus? Ou seria uma época de despertamento do homem - um despertar da sua conciencia divina - em que ele se dá conta que é um sêr divino, e quer se expressar como tal? Pode ser!

O fato é que existe um provérbio em Florença, de muita sabedoria que diz:

"O homem faz muita arte quando sente muita saudade de Deus"

Porque os homens da Renascença sentiam esta saudade imensa,

é que este povo foi tão longe: Queriam olhar para Deus!

Abençoada Saudade!

"Dedicada à Comunidade Italiana do Brasil"