AMOR FACE DEAD

AMOR FACE DEAD

É engraçado quando estamos num site de relacionamento virtual

A carência te deixa vulnerável e logo se apaixona por uma pessoa ao qual acabamos de digitar ”oi, tudo bem?” do outro lado a resposta gostosa de alguém que sopra em seu ouvido “ Tudo e voce meu anjo?” Pronto! Já estamos apaixonados. Conseguimos sentir o abraço mesmo sem braços. O beijo sem o calor dos lábios. Aquela pessoa tem o cheiro mais gostoso que nosso olfato já sentiu, a pele mais quente e Liza que nosso tato experimentou, a vós mais sensual que nossa audição já ouviu, o gosto mais delicioso que nosso paladar nos permitiu apreciar. Gosto quente de tesão ardente. Viajamos sem mesmo sair do lugar até aquela que pensamos ser a perfeição. São faces mortas que damos vida, amamos, desejamos e queremos ali naquele momento custe o que custar. Qual não é a surpresa quando o virtual passa para o lado de cá da telinha e a decepção vem á galope. A pessoa fala, tem maus hábitos que “esqueceu” de nos avisar. Os dentes deles não são tão branquinhos e tem até uns quebradinhos. Ela sempre nos olha como se esperasse mais ou vice e versa. Ela tem que escovar os dentes, tomar banho... Usar o banheiro, nunca à vimos despida, ela tem rugas... ou nova demais e só fala coisas desconexas. Ela tem horários. Tem hora que gostáramos de sair daquele choque real, sair correndo, mas rimos feito bobos e o outro retribui. Por mais que a pessoa fale, gesticule, tenta ser agradável, a face dela é morta. Despedimos-nos jurando que mais à noite estaremos juntos novamente no site. Retiramos o nome e qualquer vínculo, mudamos o número do telefone e quando a pessoa mesmo assim insiste, falamos que estamos com um problema sério e precisamos de tempo para resolver. O mais intrigante é que se quando entramos no site tem outra pessoa nos chamando de amor, anjo, gato, gata, querida (o) paixão, ou qualquer outro nome que novamente vai mexer naquele cantinho da carência, lá estamos, novamente com uma face dead e nem percebemos que novamente estamos apaixonados. Na verdade acredito que não procuramos alguém, procuramos um amor que se encaixe perfeitamente aos nossos sonhos, independente de quem seja. Qual cor, idade, religião, se bebe, fuma ou tenha chulé, se somos “duros” e batalhamos Se de repente formos mais sinceros, falar de nossas fraquezas manias e safadezas, se desenharmos exatamente nossos defeitos humanos, quem sabe podemos encontrar um ser, perfeitamente imperfeito que amaremos sem preconceito, sem sustos e devaneios. Só assim quem sabe encontraremos parceiros. Não tenhamos as faces mortas.

ELISABETHDOVITAL
Enviado por ELISABETHDOVITAL em 25/08/2011
Código do texto: T3182153
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