ALINHAVANDO

Alinhavando

Durante a minha vida toda fui obrigada a andar sempre “na linha”, determinação paterna. Uma vida cheia de NÃOS e PROIBIÇÕES, pelo menos até parte inicial da minha vida adulta, o que me leva à conclusão de que este é o motivo pelo qual sempre detestei fazer ou elaborar qualquer manuscrito em papel grafado com linhas (pautado). O intrigante é que só faço manuscritos em papel sem linhas e sai bem retinho como se existissem (a despeito do meu ódio) ali no papel, me perseguindo sempre, linhas imaginárias.

Esses registros fortes eclodem de alguma forma e por mais fortes que achamos que somos, não conseguimos apagá-los por completo como é a nossa vontade absoluta. Isto nos remete à idéia de que podemos tirar proveito dessas coisas loucas, lembrando o ditado: “Deus escreve certo por linhas tortas”, euzinha, escrevo certinho onde nem as tais e malditas linhas existem...

E aqui estou eu a falar de linhas, quando a intensão era falar de outras coisas, aí me vem à mente: linha da vida, linha do trem, linha do Equador, linha de costura, linha do caderno, linha do tempo, linha do equilíbrio, enfim, tantas linhas a delimitar vidas, procedimentos, caminhos, emoções que acabamos por vezes perdendo-nos nos emaranhados da existência... Ao nos reencontrarmos, olhamos para trás e vimos que o que nos trouxe até aqui, foi uma certa LINHA...

Naarinha

10/08/2011-Québec-Canadá

Narinha Lee
Enviado por Narinha Lee em 30/08/2011
Código do texto: T3190827