Massacrando o português
Se por uma fração de segundo eu venha a abrigar a idéia de que já tenha superado algumas de minhas fraquezas, muito rápido me vem a certeza do quanto ainda estou distante de me aproximar de qualquer exemplo de perfeição.
Sou ezajeradamente crítica, intramsijente, ezijente e outros entes e ítricos mais que existam.
Estranharam alguma coisa?
Nunca estudei música, mas desde criança cantei em corais da escola e da igreja. Tenho ótimo ouvido e uma voz afinadíssima. Aprendi que não basta conhecer teoria musical, se o ouvido e a voz não ajudam e, se não há talento. Nunca me propus “ir além das chinelas”, neste campo, no entanto, em respeito aos que adquiriram o direito, através do estudo e da prática.
O que aprendi com relação à música, vale também quanto à palavra escrita, ou falada. E é aí que minha crítica fica ácida. Estudei português, tanto quanto se estuda até o final do ensino médio. Mas, desde muito cedo, tive em casa, o incentivo à leitura. Desde as mais diversas revistas em quadrinhos, até alguns autores clássicos. Os amigos nos emprestavam suas revistas, pois conheciam nosso gosto pela leitura e, ao contrário do que se costuma pensar, nelas também se aprende muito sobre cultura geral e sobre redação dos mais diversos estilos.
Livros, nós emprestávamos das bibliotecas do SESI, do ginásio, dos amigos. Líamos, aos domingos, O Correio do Povo, um dos poucos jornais da época.
Não havia televisão e era esse, provavelmente, o maior motivo porque líamos tanto.
Se aprendi a redigir e, sem falsa modéstia, sei que redijo bem, que escrevo com muita correção gramatical e ortográfica, não descuido jamais de perder o foco quanto à responsabilidade de quem usa a palavra escrita para se comunicar, seja em poesia, prosa, jornalismo, ou qualquer outra forma de comunicação verbal. Não escondo que tenho sempre à mão meu dicionário e, se ainda guardo dúvidas, recorro aos sites de procura, na Internet.
Sou extremamente intolerante quanto a textos mal redigidos, que encontramos nos meios de comunicação, ou que sejam levados a público, como literatura, contendo erros ortográficos quase inadmissíveis.
Concordância verbal e nominal podem até ser um pouco enrolados, mas o próprio programa do Word se encarrega de corrigir. Vejo jeito escrito com G. Lembro que na Revista O Cruzeiro, existia um espaço intitulado Novocabulário, mas não lembro de ter visto palavras escritas de forma tão errada.
É defísil e dezagradável, elojiar testos cujo conteúdo é até bom, mas que os erros gramaticais e ortográficos detonam.
Meu bom senso sempre me falou que a palavra é um dom, que para ser bem usado, exige muito critério. Uma boa redação seja qual for o estilo do escritor, é fundamental para cativar o leitor e permitir que o conteúdo seja bem compreendido por ele.