Barretos a Arena dos Insensíveis

Qualquer um pelo menos uma vez na vida, já ouviu alguém comentar que gostaria de ser o outro ao menos um pouquinho, seja por simples curiosidade ou por alguma ponta de inveja. Baseado nesta que é uma das perversões da nossa vontade, que talvez nunca conseguiremos realizar, quero propor uma reflexão contrária, ao vez de desejarem, nós desejaremos que eles sejam. É ciência universal de que determinado grupo de pessoas adotam como diversão o sofrimento alheio, desde as Rinhas de Galos, Canários até Grilos até o sexo de alguns alucinados. Há poucos dias a imprensa falada noticiou que naquele “circo romano” Paulista, alcunhado de Festa do Peão de Barretos, um bezerro foi sacrificado após ficar paraplégico, na manobra de um peão, que a toda velocidade em cima do cavalo saltou sobre ele torcendo-lhe o pescoço em direção oposta, a fim de mobilizá-lo, em entrevista após o ocorrido, grosseiramente o homem disse apenas que sentia muito, mas isto acontece. Esta mega-reunião de insensíveis comemorou a 56ª edição com a visita mais de um milhão de adeptos. Voltando proposta de reflexão, vamos imaginar as arquibancadas lotadas de animais, entre eles; Bovinos de todas as idades, Eqüinos e Suínos. Para nivelar acrescemos Cães e Gatos a massa . Muito bem, primeiro um Touro com toda a sua força e empáfia abriria as cancelas para que um cavalo entrasse acenando aos seus pares, montado em um cara que precisaria correr com as forças que tem e outras que teria de buscar para não ser estripado pela espora. Neste exato momento da festa onde a platéia já saturada de adrenalina, assistiria a entrada de um garoto desorientado por medo dos animais, não lhe sobrando outra alternativa precisaria correr dentro daquele espaço adverso e medonho, pedindo socorro na sua língua sem ter retorno já que os seus pais se encontrariam na mesma cena da tortura. Este garoto após tentar a fuga de todas as maneiras seria brutalmente dominado pelo cavalo que saltando de cima do homem, o faria se render sem chance alguma. Também sobraria para as mulheres em TPM, após varias horas de reclusão sem saber onde está o marido jogador de baralho, ainda tomaria uma leve chifrada pela impafia do Touro apresentador, correria desvairada dentro do curral de torturas sendo perseguida e laçada pelos Bois que gozam de juventude plena. Dentro de gaiolas e caixas insalubres famílias inteiras estariam observando desesperadas, sabendo que seriam as próximas vitimas. Sentiriam com pesar o escárnio sobre os filhos, diante de urros, berros, latidos e miados de alegria dos espectadores. Estas pessoas a certa altura da festa desejariam que a morte lhes tirasse a luz dos olhos, para que o sofrimento fosse interrompido. Assim, acredito que depois da primeira noite desta inversão de lugares, os organizadores desta atrocidade permitida decretariam a extinção da Farra de sacrifícios de animais alcunhada de Barretos.