RESPEITO AO PRÓXIMO

Andando por uma dessas ruas do centro desta metrópole paulistana, eu li em um muro a seguinte frase: “Limpe a cidade, mate um nordestino por dia”. Isso me deixou desapontada. Fiquei decepcionada com a falta de consideração para com os nossos irmãos nordestinos que muito têm feito por esta cidade. Ou será que alguém acha que todas pessoas que nasceram e que estão vivendo aqui, querem “pegar no batente” como eles pegaram para deixar esta cidade linda como está? Acho que não. Esses eram os engenheiros, os arquitetos, os projetistas, enfim, qualquer coisa, menos aquele que pegava no pesado.

Para essas pessoas que pensam dessa forma, elas esquecem que sem a presença do nordestino não teríamos a mão-de-obra braçal. Sim!!! Porque para a grande maioria dos migrantes que chega aqui, a parte do trabalho remunerado que sobra para eles é fazer faxina, limpar chão, limpar vidro e quando eles dão muita sorte, conseguem um emprego muito bom.

Quantos chegam aqui e têm vontade de voltar para sua terra natal, uma vez que a cidade alheia não lhe dá uma oportunidade de emprego, nada e nada?

Essas pessoas que chegam aqui em busca de trabalho merecem o nosso respeito e a nossa admiração. Geralmente, são pessoas esforçadas, batalhadoras, detentoras de muita garra, que vêm com o propósito de vencer. Mesmo estando longe de suas famílias e com vontade de retornar a sua cidade natal, fazem de tudo para conseguir uma condição bem melhor do que aquela que possuíam quando saíram de lá.

Quando essas pessoas chegam aqui elas estão cheias de sonhos e de vontades. Para algumas delas nada dá certo e, aos poucos, tudo vai se destruindo e elas vão percebendo que as coisas não são bem assim.

Quantos morrem por aqui sem ao menos ter realizado seu sonho inicial, ou são considerados desaparecidos e até enterrados como indigentes?

Algumas pessoas criticam os nordestinos humildes que falam arrastado e, às vezes, eles são até ridicularizados, principalmente por aquelas pessoas que desconhecem o quanto é nobre a manutenção das raízes tradicionais de um povo, mesmo vivendo em terras alheias.

Independentemente da condição socioeconômica de cada um desses gigantes do labor, seja ele rico ou pobre, enquanto cidadãos brasileiros temos de continuar valorizando-os, uma vez que eles tanto fizeram e têm feito pelo engrandecimento de nossa cidade e que os homens de boa vontade possam sempre ajudá-los e procurem acolhê-los cada vez mais