O LADRÃO QUE ROUBAVA CULTURA

Durante três finais de semana a Associação dos Escritores e Artistas de Louveira expôs num dos stands do mini shopping suas coletâneas e outros títulos da Editora In House, de Jundiaí.

Revezando com alguns escritores de nossa Associação tivemos lá, contato direto com o público e com diversos tipos de pessoas que passaram pelo stand.

As que nem apreciavam leitura nem paravam, outras paravam, mas eram logo chamadas para seguir caminho e deixar de lado “aquelas bobeiras” como ouvi muitos falarem.

No domingo, dia 15, último dia da Festa da Uva, eu fazia meu turno no período da manhã, quando duas senhoras pararam em nosso stand.

Uma delas, dona de um sorriso largo, olhou para a mesa expositora de cartões e marcadores de páginas... pegou um postal onde, sobre uma pintura de uma romântica carruagem, estava estampada minha poesia “Saudade”.

Dona de uma voz sonora e límpida declamou minha poesia com maestria nata, e eu, embevecido (talvez até estivesse de boca aberta) vi e ouvi emocionado.

-A senhora é radialista ou professora de literatura? – perguntei.

E ela, com olhos radiantes:

-Adivinhou. Sou professora de literatura. Adoro poesia e esta me tocou profundamente. Faço parte de um sarau na minha cidade de Osasco e esta semana declamarei esta poesia.

Agradeci emocionado.

Além de ser gratificante o elogio ao que escrevemos, mais gratificante foi poder assistir a tão belíssima declamação em pleno mini shopping da Festa da Uva.

São as surpresas emocionantes que a vida nos reserva, além de outras um pouco menos emocionantes.

Sim, pois ao término da festa, ao recontar os livros postos à venda, foi percebida a falta de alguns exemplares.

Se de fato, faltou algum livro, é porque roubaram. É o único termo que podemos usar. E quem rouba, por mais insignificante que seja o que foi roubado, é chamado de ladrão.

Mas no nosso caso, talvez o “bom ladrão”, pois roubou livros.

Tomara que ao menos os livros roubados sirvam para o engrandecimento de outras pessoas, de crianças que não têm poder aquisitivo para adquirir livros, já que a maioria é cara.

Perdão, pois, ao “ladrão que roubava cultura!

Dia 22 de Agosto: Dia do Escritor Louveirense.

Ademir Tasso
Enviado por Ademir Tasso em 05/09/2011
Código do texto: T3202222
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