PUREZA DA SOLIDÃO

Só sol.

Meio-dia em Pureza, um lugarejo perdido no meio do sertão nordestino. As horas param. O mundo vira uma fornalha. Só sol e um punhado de casinhas recém caiadas, mas acanhadas sobre uma terra vermelha e poeirenta.

Não fosse pela fumaça que sai de algumas moradias, tudo pareceria deserto. O silência é total. Às vezes o cantar ao longe de um galo. Depois silêncio. Silêncio e sol; sol e silêncio:tudo é solidão!

Num pouco de sombra que sobra de um casebre uma cabra magra precariamente se abriga.

O solão treme o céu; torra a terra...

De vez em quando, lufadas de vento quente elevam a rubra poeira que macula impiedosamente, pouco a pouco, nas paredes, a branca pureza desta solidão.