É PRECISO CRESCER

Às vezes a vida, em seus pequenos detalhes do cotidiano, nos dá lições grandiosas que já devíamos ter aprendido há tempo. Muitas coisas que até pregamos em nossos discursos de bons cristãos e moralistas, mas que na prática deixamos de lado.

Esta tarde levei meu filho ao centro da cidade para cortar o cabelo - uma das minhas tarefas doméstica. Após rodar insistentemente por uma vaga nos salões que eu conhecia e que já frequentava, sem sucesso, parei de frente a uma pequena barbearia que desde cedo eu passava, via que tinha pouca gente no ambiente, mas preconceituosamente não achava ser o lugar ideal para meu filho cortar o cabelo (e eu nem gostava do corte do cabelo dele onde a gente estava cortando ultimamente).

Pela falta de opção entrei lá mesmo. Eram dois homens. Um mais jovem, bem trajado e de boa aparência. O outro, um homem pequeno de meia idade, bigodinho daqueles de época, acho que tonalizado, roupa simples tipo social – um pouco fora do padrão atual. Bem... Elegi o primeiro como o que iria cortar o cabelo do rebento. Para tanto, abri de mão da nossa vez para que fosse o rapaz mais bem trajado e de boa aparência a nos atender.

Para a minha surpresa o cliente que foi atendido pelo profissional que eu preteri teve o seu cabelo muito bem cortado. Impecável trabalho, digno de ser notado. Fiz um comentário com alguém ao lado, que me disse que aquele era um dos mais bem conceituados profissionais da cidade e que o outro (que estava atendendo o meu filho) estava aprendendo com ele, o que ficou evidente no corte – uma lástima!

Fiquei envergonhado de mim mesmo. Como me deixei levar pelo preconceito capitalista onde as pessoas são: a roupa, o nome, o carro, a aparência e julgados antecipadamente, sempre, por esses critérios medíocres?

Tudo bem... O cabelo do menino vai crescer, não é problema. O grande problema é se eu não crescer!

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 08/09/2011
Reeditado em 09/09/2011
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