A POSTURA DE GAMALIEL E OS APOSTOLOS

Gamaliel tinha dúvidas sobre a culpabilidade dos apóstolos; eram benfeitores, tinham a aceitação de grande parte da comunidade, e também receio em puni-los contrariando a possível missão divina a que estavam determinados. Haviam sidos presos sob forte vigilância e de repente inexplicavelmente, misteriosamente libertados.

Sua argumentação foi de uma lógica inquestionável. Se o movimento defendido que levava a bandeira de Jesus, o Salvador, O Messias, fosse obra humana estaria fadado ao fracasso, como já havia ocorrido com tantos outros em que a dispersão dos seguidores aconteceu logo após a execução de seus líderes, porem se tivesse caráter divino, fosse obra de Deus, qualquer tentativa de banimento configuraria uma afronta ao próprio Criador.

Jesus representava o “ressuscitado de Deus” e a destruição dos apóstolos confirmaria esta verdade, inclusive a idéia dos saduceus de não acreditarem na imortalidade da alma. A defesa do Evangelho de Jesus não denotava infração à Lei, mas somente uma desobediência a uma ordem do Sinédrio para que nada ensinassem em seu nome.

Gamaliel, cauteloso, sensato, exercia uma ascendência demasiado significativa dentro daquele Templo, inclusive até sobre o sumo sacerdote; era acatado pelo povo, mestre e profundo conhecedor da Lei; possuía diversos discípulos, até mesmo Paulo de Tarso e o seu discurso foi convincente; colaborou inconscientemente, intencionalmente naquele momento usando de discernimento como o próprio Pedro o fez na salvaguarda do Evangelho de Jesus.

Como inimigos da doutrina do Mestre, tinham nos apóstolos os “fora da Lei”, portanto inimigos também necessitando castigos e intimidação pelos seus comportamentos desobedientes.

Causa-me espanto imaginar como esses apóstolos saiam destes episódios e de tantos outros, felizes e engrandecidos não por terem sido postos em liberdade, mas pela oportunidade de testemunharem a fé em Deus e a fidelidade ao Cristo sustentando-os diante do sofrimento e da punição e que mesmo prosseguindo submetidos a este jugo não abriam mão dos propósitos abraçados.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 12/09/2011
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