A arma do negócio e a mosca sem asas

Está causando celeuma a “adesivação” de doze ônibus da prefeitura de Porto Alegre com propaganda da Copa do mundo de 2014. O protesto se deve ao fato de ter sido feito o trabalho sem licitação, ao custo de R$ 9.250,00 cada veículo perfazendo um custo de 111 mil reais. Veio a público que uma empresa concorrente faria o mesmo trabalho com custo estimado de 40 mil. O caso será investigado, e, esperamos, os culpados punidos exemplarmente.

Não é a corrupção em si que me causa espanto, pois, estamos eivados disso, infelizmente. O que me irrita é o descaso com que se investe verbas polpudas em futilidades.

Peraí, não é a propaganda a alma do negócio? Sim, dos negócios, pode ser, mas de uma Copa do Mundo? Carece ser gasto dinheiro público para anunciar um evento que por si só , pela própria relevância tem apelo gratuito de toda imprensa? Devemos, por certo, chamar atenção para nossa copa, sob o risco que as pessoas vão à da Argentina ou do Uruguai, nossos concorrentes...

Todavia, não fosse uma denúncia de que foi feito sob o tapete e ficaria impune; mesmo ao custo de 40 mil seria dispêndio inútil, obsceno. Mas, faça-se uma auditoria no ministério das comunicações e se verá quanto é gasto para fazer propaganda do governo federal, vício antigo, não de agora.

Lá também, o risco é que se não fizermos a devida propaganda de nosso governo, vai que alguém prefira o do Chaves ou do Morales (?) No entanto é praga tão enraizada, que ninguém se escandaliza mais. Sua única função é servir de moeda de troca, gerar ministérios para cooptar partidos; “os pactos de governabilidade” onde a corrupção faz seu fisiculturismo eficaz.

Nossos votos são anulados, pois, os que escolhemos para ser oposição, nos vendem em tais pactos, e achamos normal.

Nosso Brasil “gigante pela própria natureza”, aliena-se “deitado em berço esplêndido” enquanto o furto segue “impávido, colosso”. Manifestos como o do último dia sete, carecem crescer, para colocarmos as coisas no devido lugar, senão a sétima economia do planeta seguirá, sendo assim no atacado, tendo no varejo um padrão de qüinquagésima para pior. Por enquanto, segue a profética sentença que alguém cantou: “nossa indignação é uma mosca sem asas; não ultrapassa as janelas de nossas casas.” Mas, eu, estou indignado!

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 13/09/2011
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