Se um dia eu envelhecer ...
 
Com o passar dos anos, posso dizer que me sinto abençoado por estar lúcido e absolutamente firme em todos os meus sentidos.
Não confundo a fragrância dos perfumes. O olfato me oferece, integralmente, o cheiro gostoso do pão de queijo quentinho e, apesar dos oitenta e tantos anos, consigo enxergar bem e nitidamente todas as coisas, sem nunca ter usado um par de óculos ... ainda ouço, de forma clara, o som estridente que as cigarras emitem anunciando o entardecer.
O paladar que, com o avanço da idade, costuma ludibriar seus admiradores mais requintados, não fez nenhuma comigo. Ainda sinto, direitinho, o sabor do bolo de fubá de milho com côco ralado e sempre me extasio com um copo de Mineirinho bem gelado, refrigerante famoso lá da minha querida Niterói.
De verdade, fico imaginando o que acontecerá quando eu envelhecer mesmo. Idade eu já tenho mas, me sinto tão jovem e vigoroso que nem dou bola pro tempo que passa.
Peço perdão ao Pai Eterno por um dia ter sido tão impulsivo. Dedico a maior parte do tempo em orações e confidências ao meu bom Jesus.
Clamo a Ele pelas Suas misericórdias, rogo que me mantenha firme na Palavra e, que me permita sempre propagá-la no meio em que vivo, seja entre jovens ou adultos.
E, se um dia eu chegar mesmo a envelhecer, sei que vou me confortar com a alegria de ter conseguido viver na luz que emana do Criador, que me manteve sereno, ereto e firme em Seus caminhos.
Vou fechar os olhos e imaginar sentir a candura dos netos e bisnetos rondando minha cadeira preferida, estragando-me, num papel inverso, com mimos e guloseimas.
Vou abraçar cada um dos meus amigos, pedir perdão a alguns que imaginei fossem desafetos e me arrepender por não tê-los abraçado antes.
Vou continuar alertando e orientando aos mais incautos, quanto às trapaças que o inimigo impõe aos que vivem no prazer terreno e que, sem perceber, se deixam abrigar por sua companhia.
Vou lembrar, nos momentos mais íntimos, das promessas do meu Salvador e, em espírito, entoar a doce melodia do salmo 142, e não me cansar de cantar assim : “ ... Oh Senhor eu clamo a Ti pois Tu És o meu espírito e o meu tesouro entre os viventes ... “.
E aí, finalmente, vou dizer obrigado Senhor por me ter permitido viver tantos anos debaixo do seu incomensurável e infinito amor !!!
 
Germano Ribeiro
Enviado por Germano Ribeiro em 13/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
Código do texto: T3217410