O SILÊNCIO

Preciso ficar só...
Esquecer por um momento que existe relógio, os compromissos, a opinião alheia.
Preciso ficar só...
Recolher-me, examinar minha alma, dar um basta nos desejos, nos sonhos, esvaziar-me de tudo.
Preciso ficar só...
Rever meus conceitos, preconceitos, mau jeito, atitudes relacionamentos desfeitos, afeições, decepções.
Preciso ficar só...
Fugir dos ruídos, das distrações, preocupações, desapontamentos, maus pensamentos...
Quero sentir a presença da brisa suave tocando meus braços, meu rosto, meu corpo.
Quero sentir o perfume do ar, do mato fresco após o orvalho da noite.
Quero escutar o sabiá que canta alegremente na laranjeira do quintal da vizinha.
Quero perceber a presença do vento forte que bate na janela do meu quarto.
Alguém já dizia que a quietude é como uma chuva intensa e lenta que torna tudo singularmente novo. Nela a gente se refaz para voltar mais inteira ao convívio, às tarefas cotidianas, aos amores e desamores.
Hoje quero um pouco de silêncio bom, para escutar o vento nas folhas, a chuva na laje, e tudo o que fala muito além de todos os textos, da música e de todos os sentimentos.
Quem sabe assim nesse meu silêncio, encontro uma razão que justifique o teu silêncio!
Airamluz