O SORTEIO DA BIKE.

Tuko acabara de completar 15 anos e devido a estar cursando o SENAI, consegui um emprego de meio período em uma pequena fábrica de usinagem que empregava mais ou menos dez funcionários, velhos no ramo.

Esta pequena fábrica tinha contrato com algumas empresas grandes, fornecia algumas peças prontas em alumínio, umas das fabricas era fabricante de bicicletas, e a bicicleta top fabricada por esta fábrica, era uma bike de 21 marchas e amortecedor, o sonho de muitos moleques, na época estava se iniciando o mountain bike no Brasil.

Moleque novo, trabalhando de aprendiz em uma pequena fabrica de usinagem, no meio de cobra criada, não deu outra, o coitado era zoado o dia todo e de toda maneira.

Lembro-me como se fosse hoje, todo final de ano ganhávamos alguns brindes destas fabricas, e no ultimo dia antes do natal fazíamos um sorteio daqueles brindes. Saiu um boato que aquela fabricante de bicicletas iria mandar a melhor bicicleta de brinde e que sexta feira iria sortear o nome do felizardo.

Tuko que não era muito católico chegou a ir a igreja rezar para que a bike saísse pare ele. E na sexta feira ele estava apreensivo e logo após o almoço, Carlão, o mecânico mais velho chegou com um saquinho cheio de papelzinho dobrado, o pessoal todo estava reunido e foi ali mesmo o sorteio. Pediram para o Tuko sortear o nome e assim que ele retirou o papel do saco, ele abriu um sorriso do tamanho do maracanã.

- Ganheeeeiii. O nome retirado foi o dele, ouve alguns questionamentos, mas não teve dúvidas o Tuko havia sido o sortudo.

Aquela tarde foi mágica o pobre do moleque nem trabalhou direito e sonhava acordado com a bike, mas algo estava estranho, sortearam só a bike e os outros brindes ficaram para outro dia, o pessoal cheio de rizinhos pelos cantos e o Tuko começou a ficar desconfiado, pois ele já estava naquele meio já há sete meses, e conhecia bem a cambada, foi até a bancada onde o saquinho com os nomes ficou jogado, e começou a abrir os papeis, “Tuko, Tuko, Tuko, Tuko...”.

Orgulho-me muito de não participar daquilo, pois o moleque fez uma cara de bunda e logo viu a zoeira que fizeram quando ele descobriu o trote.

A cara do coitado foi tão desanimadora que na semana seguinte doeu no coração da velharada. Arrecadei um dinheiro de cada um deles, que colaboraram com prazer e compramos uma bike para o Tuko.

O Velhão
Enviado por O Velhão em 17/09/2011
Código do texto: T3224429
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