A NINFETA

Meu amigo Dener tem despertado múltiplas reações nos amigos e nos desconhecidos, aquelas pessoas que gravitam nas proximidades do Café Galo, eu explico; é que o “rapaz” ultimamente tem sido visto, nos pontos em voga e com muita frequência, sempre com uma garota a tiracolo, de não mais do que 16 anos. Como o “peralta” já está dobrando o Cabo da Boa Esperança, as manifestações e opiniões dos “incomodados” se divergem, algumas são contra outras a favor.

Eu conheci a menina, e posso afirmar que é de uma beleza estonteante! Morena de olhos verdes, pernas torneadas, derriére avantajado, cabelos compridos e negros como as penas da graúna, com o complemento de um sorriso belo e cativante. Por onde passa atrai os olhares. Realmente, Dener tem causado inveja!

Por meio do próprio amigo fiquei sabendo que ele tem bancado financeiramente a jovem namorada; paga o colégio, roupas caras, as viagens de quase todo final de semana e os bons hotéis em que se hospedam. Ah! Contribui também com uma boa quantia, semanalmente, para que a amada custeie o salão de beleza, chocolates e pequenas despesas. Coisa para quem pode!

Fiquei pasmado! Dener notando o meu espanto sorriu e disse entre orgulhoso e exibicionista:

- Você queria o quê? Ela só tem 16 anos! Se eu a quero tenho que investir, meu amigo. Faço tudo o que ela quer. Agora mesmo estou pensando em usar um brinco; ela pediu. Você sabe como é, não posso contrariá-la, senão, escapa! A concorrência é enorme.

Enquanto conversávamos a ninfeta chegou sorrateira e sorridente, e sem nada dizer enlaçou meu amigo pelo pescoço, lhe beijando ardentemente. Confesso que quase cai de costas. Olhei meio sem graça para os lados e notei que tinha muita gente incrédula, observando a cena de novela; afinal, não é todo dia que se vê um “sessentão” deglutir avidamente e em plena luz do dia, uma ninfeta.

A cena somente se aplacou quando um “gaiato” que a tudo observava, gritou: isso é pedofilia, gente, chama a policia.

Olhei para os namorados que ainda permaneciam abraçados e sorridentes e arrisquei uma ponderação:

- Dener, ela é menor. Você tem idade para ser o pai dela.

- Eu sei. Mas, antes ser o pai do que o filho, você não acha? Além de tudo, estou gostando muito.

Ele disse com muita convicção e deu de ombros. Fiquei pensando. Ela, a Lolita, sabe muito bem que Dener tem idade para ser seu pai e com algum esforço e boa vontade, até mesmo seu avô. Mas não se importa, momentaneamente, é louca por ele.

Por sua vez, Dener, que não é nenhum bobo, bem sabe que não está com essa bola toda, assim, aproveita a boa fase, curte a vida e não perde o bom humor. O homem que banca os luxos e mimos da ninfeta, não lembra em nada os galãs de TV, ao contrario, está se aproximando velozmente dos sessenta anos; contudo, anda de bem com a vida e muito feliz. Debocha e faz pouco caso com muito humor dos comentários invejosos e segue em frente.

Meu Deus! Como é impressionante a perseguição das pessoas em relação ao namoro dos outros! Como incomoda a felicidade alheia!

Tem sentido você se privar de um relacionamento ou namoro, temendo a língua dos outros? É claro que não. No fundo, a preocupação é com a língua vitupérica dos invejosos.

Dener confidenciou-me que é fascinado pela disponibilidade que a namorada tem de inventar programas e topar qualquer coisa. A disposição dela me enche de energia - afirmou entusiasmado.

Perguntei a ninfeta se Denner era o seu príncipe encantado, ela sorriu e respondeu que, como ele tem muito mais experiência de vida, ele me ensina, conduz, inclusive sexualmente. Por ser mais experiente, ele sabe como me dar prazer. Dele eu recebo, prazer, carinho, dedicação e espero que tenha amor. O que eu preciso mais?

Perguntei a Denner se ele iria se casar com ela, e, ele do alto da sua sapiência respondeu-me que, se o seu relacionamento chegar a casamento será como consequência natural de um bom entrosamento, não como objetivo. Disse que está muito bem assim, ela finge que me ama e eu finjo que acredito. Acho que o Dener colocou em prática a sabedoria popular. Está correto.

O negócio é saber escolher e não fechar as portas para as boas possibilidades da vida. A nossa alma gêmea pode ter desembarcado nesse mundo um bom tempo depois de termos chegado, só para estarmos mais bem preparado para esse encontro.

O amor é o único motivo pelo qual se trabalha, se faz guerra, se mata e se morre, não dá chance ao raciocínio calculado, não dá chance a paz e o sossego, chega sempre de supetão, tumultuando a mente até dos que costumam premeditar e calcular, tornando-o vulnerável aos impulsos desse sentimento nobre e ao mesmo tempo fatal.

Como diz Dener, o que importa é ser feliz! A vida é muito curta.