Darth Vader de Hollywood

Guerra nas Estrelas é uma franquia de filmes que se tornou parte da cultura pop graças ás seus efeitos especiais impressionantes (embora hoje nos pareça um tanto toscos) e por conter a já antiga história da luta entre o bem e o mal.

Interessante que tudo isso tenha saído da cabeça de dois rapazes: Steven Spielberg e George Lucas (sendo a este a quem pertença os direitos máximos sobre os filmes). Dois jovens diretores norte-americanos que amavam as histórias de aventura dos seus tempos de criança e os contos de ficção científica.

No filme acompanhamos a saga de Anakin Skywalker. Um rapaz que desde cedo demonstra muita energia e determinação e que, ao que tudo indica, pode ser a salvação para uma guerra entre guerreiros espaciais que controlam uma energia cósmica, a Força. Anakin sofre aquela divisão, comum a todo herói, vinda do medo de se corromper ou de perder tudo o que mais ama. Por fim, ele passa para o lado negro da Força e se torna o quase robótico Darth Vader.

Bráulio Tavares, escritor paraibano, comentou certa vez em uma de suas tantas crônicas que a história de George Lucas depois do sucesso de Guerra nas Estrelas pode ser comparada com a trajetória da Anakin Skywalker. O jovem idealista que vira aquilo tudo que mais combateu. Lucas, quando fundou sua produtora (Lucasfilm), pretendia fazer uma empresa de filmes independentes, muito diferentes dos grandes estúdios cinematográficos que vinham valorizando mais o dindim que o cinema propriamente dito. Três décadas depois, Lucas a cada ano lança uma nova cartada para lucrar um pouco mais em cima de sua franquia. Produzir desenhos, mudar algumas cenas, inserir efeitos novos e agora lançar um blue-ray de toda a série. Que, como era de se esperar, contém algumas mudanças. A intenção é clara: todos vão querer saber o que foi mudado, então compraram o box.

Lucas hoje é um imperador, assim como o maligno mestre de Vader. Seu império, porém, é muito controlado e polêmico. As mudanças costumam irritar e muito a legião de fãs. Particularmente, acho que pequenas mudanças como inserir um som aqui ou uma luz diferente ali não tem tanto problema assim, afinal os direitos são dele e ele faz o que quiser. Ele pode fazer o que quiser enquanto não desvirtuar a própria história. Lasers com cores diferentes das do primeiro filme, ao meu ver, não são uma heresia, destruindo toda a originalidade do filme. O que me irrita é o objetivo disso tudo: o lucro. Ao invés de investir em algo mais criativo, em se arriscar, Lucas usa malabarismos para se promover. Vai mutilando seu filme aos poucos. Vai chegar a um ponto em que não haverão pequenos retoques a serem feitos, sobrando apenas as grandes mudanças e é aí que mora o perigo, é aí que a história pode se perder de seu caminho. Mas tomara que isso não aconteça. Que a Força o ilumine nesse ponto!