AFETOS E A FOGO.

“De tudo o que é possível conceber no mundo, e mesmo em geral fora do mundo, não há nada que possa ser considerado bom sem restrições, a não ser, apenas, uma vontade boa.” Kant

Padecia de sede de justiça. No tribunal e mesmo antes de estar lá, guardava um ódio de fazer mal a mim mesmo. Pensava com uma mágoa introspectiva, que este era um país de instituições falidas, de gentes vendidas, da força da “grana”. Tive de enfrentar ameaças, o tribunal, para fazer valer a lei. Inconcebível nas circunstâncias em que a coisa é obrigação de quem tem o poder de polícia.

Ao término de tudo havia vencido. Se é que se pode assim dizer.

Nos corredores das faustosas instalações do prédio da lei, pago com pesados impostos, vi Márgara, que armada de sua beleza e perfume, é uma serventuária da justiça. Três beijinhos e disse-me que eu estava bem e também feliz natal. Mais alguns passos e Felipe, camisa verde-claro de seda e colarinhos impecáveis. Perguntou-me se eu houvera matado alguém. Encabulado disse-lhe, a meio sorriso, que ainda não (Deus que me livre). Estendeu-me os braços para um abraço fraterno e confidenciou-me com ótimos olhos que sentira grande alegria de me ver. Disse ainda que não entendia o meu sumiço. Eu disse pôxa, mas agora estou aqui... Ninguém imaginaria que alguém com um jeito terno daqueles pudesse ter sido partícipe de um racha que houvera vitimado o próprio amigo. Mas era passado, e eu o tenho em alta conta na minha afeição.

Às vezes acho que tudo que é pessoal e íntimo é que vale a pena. Só a justiça que nunca deverá deixar de ser impessoal e para todos.

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Joel Rogerio
Enviado por Joel Rogerio em 20/12/2006
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