Médicos e planos de saúde: por uma relação mais saudável...


Em relação a comentario anterior, postado aqui,a respeito da paralisação dos médicos:

Uma amiga médica comentou que não cabia gerar dúvida nos pacientes sobre a qualidade do atendimento ter relação com o valor recebido por ele. “O valor é vergonhoso, o atendimento prestado não...” disse ela.

Eu respondi que quanto a criar duvidas a respeito da qualidade do atendimento …apenas reproduzi as palavras do mote usado por sindicalistas e ativistas, tanto da saúde quanto da educação, quando se referem à prestação de serviços por remuneração considerada pouco justa. Não sou corporativista e acredito que o leigo saiba reconhecer quem trabalha com seriedade e sabe usar o forum adequado para discutir as questões trabalhistas. A qualidade do serviço não deve estar vinculada ao valor pecuniário nas questões de saúde. Citei a observação exatamente para mais adiante falar sobre a inadequação dessa prática.

 
A saúde precisa e nós também precisamos mudar…para melhor!
Em artigos, blogs e chats tenho vivenciado a insatisfação (indignação mesmo!) com a Medicina e os médicos. Claro que mais claramente se referindo à Saúde Pública. Mas, será que alguem consegue mudar atitude e forma de atuar no dia a dia conforme o plano de saúde (medicina privada) ou o sistema de saúde (medicina publica) em que atuamos? Não acredito! E será que com o tempo, o trabalho no Serviço Publico (como a maioria de nós faz ou já fez) não faz com que a distância que se coloca entre o médico e o paciente, necessária (???) à prática da medicina de números (demanda e produtividade) da Saúde Pública, acabe se aplicando ao ambiente privado (???)?

A dúvida não é apenas minha. Alguns comentários nas redes sociais falam da medida pouco justa de se aferir qualidade ou falta de qualidade, colocando (todos) os médicos e serviços de saúde num mesmo patamar, quando sabemos que não se pode (nem deve) generalizar. Muitos pagam por poucos. Como diz o ditado popular acabamos sendo todos “farinha do mesmo saco”.

E repito que a intenção do comentário a respeito da paralisação se deveu à percepção da oportunidade (que nós médicos tivemos hoje) de confirmar nossas melhores intenções em relação à qualidade dos serviços prestados, colocando a reivindicação de reajuste de honorários em paralelo ao compromisso de qualidade.

 
Toda greve, toda paralisação nas áreas ditas essenciais (saúde e educação) é sempre noticiada e recebida pela população como não legítima. Por que gera insegurança na população em relação aos serviços básicos. E onde há vitima (paciente) tem que haver, necessariamente, um algoz... O compromisso com a qualidade nos afastaria desse papel. A intermediação do trabalho médico e a questão econômica que ela revela passam a ser algozes. E elas são atributo das operadoras e gerenciadoras dos planos de saúde.

Mas... sabemos que não é tão simples assim.

Não precisa nem deve existir vencedores ou vencidos. Temos que encontrar um marco zero de onde (re)começar, estabelecendo novas bases para uma relação mais saudável com as empresas que administram a Saúde no Brasil.
 
Todos ganharemos com isso!