Sopa fria e muito riso

O quarto grande da casa na chácara abrigava as tres irmãs, minha mãe D Vanda, minhas tias, irmãs dela e minha prima Vera. Era o mês em que minha sobrinha ia se casar e a animação era grande. D Vanda estava animada com o andador que ganhou e a fez se sentir novamente um passarinho, de asa quebrada, mas passarinho. E D Vanda não entregava mesmo os pontos assim, fácil.

É engraçado como as pessoas mudam diante de certas circunstâncias da vida. D Vanda sempre foi bastante séria, uma brincadeira aqui e outra acolá, apesar de não ser de jeito nenhum mal humorada, longe disso. Mas ela mudou, ficou mais irreverente, mais atrevida nas brincadeiras.

Um dia, já anoitecendo minha irmã preparou uma sopa para as tres irmãs "velhinhas" e a prima. Colocou os pratos na mesa e saiu. Quando voltou, todas já haviam terminado suas sopas, menos a D Vanda, que nem tocou no prato.

- Por que não tomou a sopa, mãe? Tá ruim?

- Nâo. É que está faltando o pãozinho, né?

- Tá bom, vai tomando que estou trazendo o pãozinho. Minha irmã saiu e não notou o risinho da mãe. Chegou de volta com um pratinho e pãozinho fatiado.

- Pronto, tá aqui o pãozinho. Agora vê se toma a sopa antes que esfrie.

Minha irmã saiu e novamente não notou o risinho, aliás, agora, risinhos, quatro risinhos. Tres minutos depois ao entrar no quarto lá estava o prato com a sopa, intacto.

- O que foi agora, mãe?

- Você não passou manteiga no pãozinho, bolas (risonho maroto acompanhando a frase)

- Tá bom, vou passar a manteiga, mas vai tomando a sopa enquanto isso. Calmamente saiu e voltou com o pãozinho amanteigado Quando voltou, antes de entrar no quarto pressentiu que a sopa ainda estaria lá. E estava.

- Poxa, mãe. uma sopinha tão boa. Por que não foi tomando enquanto eu trazia o pão?

- Porque esfriou.

Risada geral total e irrestrita

Quando D Vanda não queria tomar sopa não havia pãozinho amanteigado que resolvesse