...UMA MANHÃ APÓS A OUTRA...

...OU APENAS MAIS UMA NOITE DE INSÔNIA...

quero dormir com as luzes acesas, não quero o escuro cegando meus olhos. Deixar o computador ligado a noite toda e as janelas fechadas para a luminosidade não escapar. Os carros deixam estranhos ruídos na rua lá fora, sons de buzina se perdem entre motores em aceleração constante que me levam pra longe daqui, para o silêncio da lua iluminada no teto da sua vida, mas não, não há como chegar até a montanha distante do sonho que já se realizou. Preciso colocar outro tipo de som, os ruídos falam demais com meus pensamentos. A madrugada está acesa, e eu continuo não fumando, logo o cigarro continua apagado na borda do cinzeiro. Meus pés flutuam, em um colchão de ar, só para sentir a sensação de leveza quando na verdade nada mudou além da vontade de deixar tudo melhor. A manhã avisa seu retorno, a porta bate, ninguém chega, é só o vento. As paredes se vestem com um fogo que não queima ao abrir as janelas, paredes cercadas por outras paredes cercadas por grades, e essa segurança toda me enche de medo, pois o perigo exige proteção e vigilância atrai o perigo. É hora de recomeçar, os olhos lacrimejam, eu já não sei se são apenas lágrimas ou o excesso de luminosidade que invadiu o quarto...