PROSTITUIÇÃO

As vezes chego a conclusões idiotas. Estava assistindo a um desses programas documentários veiculados pelas Tvs, quando o repórter perguntou a garota de programa algo do tipo:

- o que você mais gosta?

E ela respondeu:

- eu gosto de homens mais velhos!

Vi aquela cena e fiquei me perguntando abismada com o que eu acabara de escutar.l

- como, o que você mais gosta???!!!!

Será mesmo que existe alguma coisa para se gostar, como preferência de uma profissão, quando estamos falando de prostituição?

Fiquei quase em transe com essa perguntando ao universo se é possível alguém gostar de se prostituir?

Não consigo introjetar essa ideia.

Ficou engasgada em meus ouvidos. Se prostituir é ultimo posto que a mulher alcança, um direito adquirido depois de anos de experiência de vida, quando ela sabe que prostituição é vender a alma, e ai ela se vende literalmente, pois olha pra atrás e não vê sua história escrita, suas páginas estão em branco, não tem em sua história um dia que chorou de amor e quis morrer como se fosse o ultimo amor de sua vida, não teve boas risadas com os amigos, não chegou em casa numa plena segunda feira amanhecendo o dia e num porre tremendo, e teve a cara de pau de ligar para chefe e avisar que...

- ....estava de porre

Passou a vida e não se percebeu. E então ela conclui que se passou uma vida inteira e ela nada fez, surtando num desespero desnecessário, pois pior que isso é se lançar a prostituição, e nesse caso, é por pura decisão, então ela se olha, e se desafia, não dando esse passo abismo abaixo, mas retornando ao seu caminho e subindo a sua escada.

Então, volto a me perguntar: É possível gostar de alguma coisa na prostituição? Tem algo a ser gostado dentro desse recanto do mundo

E chego então a conclusões obvias! Essas meninas, crianças até mesmos senhoras, e digo dessa maneira com todo o respeito que cada ser humano merece, independente de suas escolhas e oportunidades, que estão por ai, vendendo seu corpo, como se vende carne fresca no açougue não sabem ou nunca souberam que estão alí, sequer sabem que estão alí. E por isso permanecem nesse meio, vendendo não mais a carne, mas agora a alma.

Elas estão naquele lugar por que desistiram muito cedo da vida, outras, por quê cresceram tendo tudo tirado de sí; o direito a boneca rasgada, o pão na mesa, mesmo que vez por outra o pão estivesse ”dormido”, o colo de uma mãe que tivesse menos tempo para chorar e mais para sorrir, o direito a vida, com a tranquilidade de quem sabe que o futuro, apesar de parecer algo muito longe, pode sim está logo alí.

Mas, mesmo assim, tenho a tola impressão que a vida de vez em quando, guiada pelos céus ou pelo destino, como queiram, reconhece aquelas que até se permitem vender o corpo, mas não entregam a alma, e elas também conseguem enxergar a vida, fazendo então uma escolha, retornando ao seu caminho e seguindo sua estrada.

-não! Aquela garota não “gosta” de homens mais velhos. Ela gosta de quem lhe pagar mais! Talvez por que a vida ainda continue tirando tudo dela, ou talvez por que a vida já reconheceu sua alma, mas mesmo assim, ela prefere não ver.

Não! Concluo que não há nada que possa ser gostado nesse meio.