O dia em que a morte resolveu se matar

O ar frio tomou conta do cemitério enquanto dois ceifeiros contornavam os túmulos, à procura da Morte. Estavam preocupados com sumiço repentino dela.

– Droga! Onde será que ela está?

– Não sei. Desde de ontem! Os clientes estão acumulando. A Morte não tem senso de responsabilidade... ?

– Ei, olhe! O que é isso?

À frente deles havia um salgueiro e a Morte achava-se enforcada entre seus galhos. Aos pés dela, havia um bilhete.

– Meu Deus! O que deu nela?

– Espere, lerei o bilhete:

“Cansei de matar pessoas. Vocês não sabem como é cansativo e horrível tirar a essência de alguém. Para ninguém sofrer mais, é melhor eu deixar de existir.

P.S: Meu sonho sempre foi ser violinista”

– O que faremos?

– Agora, só nos resta esperar.

Minutos depois, o corpo da Morte voltou a mexer. Aliviados, os ceifeiros foram até ela e a retiraram da árvore.

– Francamente, Morte, você tentou se matar de novo? Sabe que nunca dará certo. Uma coisa morta não morre.

Se a Morte ainda tivesse sangue correndo nas veias, coraria de vergonha. Ela massageou o pescoço e falou:

– Desculpem! Baixou a depressão...

– Tá, mas vamos embora. O trabalho a espera. E... Morte?

– O quê?

– Violinista?! Semana passada não era dançarina de Cha Cha Cha?

Elaine Rocha
Enviado por Elaine Rocha em 05/10/2011
Reeditado em 29/06/2012
Código do texto: T3259176
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