"Olhando o Mar" ost- LisyTelles



Olhando o Mar


Mãe e filha nunca haviam saído da pequena cidade mineira onde moravam. Presas a luta diária da vida simples do campo, ambas sonhavam com as maravilhas do litoral que viam na TV. Em seus devaneios imaginavam os encantos do mar.

O mar!... Como é o mar? A filha, de pouca idade, perguntava.
A mãe tentava explicar, mas seu conhecimento era precário, já que nunca tinha visto o mar.

Um dia, inesperadamente, surge o convite para irem até o litoral. Uma tia–avó alugara uma casa na praia. O convite foi recebido com entusiasmo. Iriam finalmente conhecer o mar.
Preparativos e mais preparativos.
A menina dormia e sonhava com o mar.
...A mãe lhe dissera que a água do mar era salgada e que o mar era muito grande... Maior que o ribeirão, onde o colega da escola se afogara... E que havia ondas. Não dava pra imaginar uma onda. Ela só conhecia a correnteza do rio que passava do outro lado da cidade, cuja água era marrom e não azul ou verde como a mãe lhe dissera ser o mar. Ouvira falar, também, do cheiro do mar; e da brisa que trazia para terra o cheiro do mar. O cheiro do mar... Como seria?
O mar não saia de seu pensamento e de suas fantasias:
... Muito sol... Pouca roupa... Vento quente... Areia branca onde os pés afundam... Barcos ao longe... Velas ao vento impulsionando os barcos, levando pessoas para o fim do mundo. Tudo colorido!
A fantasia povoava sua imaginação e desenhava algo que a menina nunca havia visto.

O dia marcado chegou.
O atropelo na arrumação da bagagem deixava o coração da menina palpitante.
Nada poderia ser esquecido. Levaria até a velha boneca, companheira de brincadeiras, sonhos e desabafos.

Com olhar inquieto, a menina vê o carro tomar a direção da estrada asfaltada. Sabia que aquela estrada ligava sua pequena cidade ao litoral, e que por ela chegaria ao tão sonhado mar.

Horas de viagem... Horas intermináveis...
Falta pouco, diz a tia. Umas duas horas. Finalmente vamos descer a serra. Lá em baixo está o mar.
De longe, pela janela do carro, a menina avista a grande massa azul que tremula e se movimenta.
Com entusiasmo, a menina bate palmas e grita:
...Mãe!... Por favor, pare um pouco, eu quere o ver o mar.

O motorista, sorridente, para o carro no acostamento.

 Mãe e filha, de mãos dadas, saem do carro e vão até a ponta do barranco.
Por entre o mato alto que brilha e se faz dourado:
A menina, na ponta dos pés, vê, lá em baixo, a imagem de seus sonhos.

Lisyt
Enviado por Lisyt em 05/10/2011
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