As ironias no suicídio da policial

A imprensa gaúcha noticiou com destaque a história da policial militar, Luane, que em face a um amor não correspondido que viveu em Passo Fundo, sumiu de casa e foi encontrada morta ontem, 05/10, em Fontoura Xavier, estando já o corpo, em adiantado estado de decomposição. Ao lado do cadáver, seus documentos, e duas carteiras de cigarro, free. Segundo investigações policiais, ela enviara mensagens de despedida em tom ameaçador, sobre a culpa eterna que incidiria sobre seu namorado. Tudo aponta para o suicídio “por amor”. Algumas ironias chamam atenção: primeiro, que era uma policial, portanto, alguém treinada para manter a ordem na polis, (cidade) e infelizmente, foi vencida pelas suas desordens interiores. Isso lembra um provérbio da Bíblia que ensina: “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Pv 16; 32 Abordando o livre-arbítrio, Schoppenhauer disse que, ter uma arma não significa ter o poder para suicidar-se, é preciso um motivo que seja maior que o medo da morte, e que o amor pela vida. Do jeito que foi, seria uma espécie de vingança, mas se diz que essa é um prato que se come frio; poderia alguém “comer” estando morto? Onde se passa a fronteira entre o amor e a obsessão mórbida? Quando Jesus ensina amar ao próximo como a si mesmo, deixa claro que amar a si mesmo é condição natural do ser humano, tal, que serve de padrão para relacionar-se com o semelhante.

Outra ironia está na marca dos cigarros encontrados ao lado do corpo, Free. (livre em inglês) Livre de quê? Primeira característica do vício é justamente tolher a liberdade impondo-se como uma necessidade, ainda que deletéria; estaria ao trocar a frustração pela morte libertando-se? O amor ensinado por Paulo, o apóstolo, “... é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." 1 Cor. 13:4-7

O vero amor é uma “prisão” sim, mas, não é da sua essência libertar-se dessa forma.

Por fim, a ironia do nome no lugar escolhido para tal ato; Fontoura Xavier, minha cidade natal. Fontoura= Fonte de ouro, e Xavier= Proprietário da nova casa. Talvez seja a maior miséria humana, desacreditar da própria vida; seria bálsamo majestoso, encontrar tal fonte de ouro, que nos comprasse nova casa, quando o templo do corpo parece não conter toda nossa frustração. Parece certo sarcasmo do destino, cercar tal dor, de refinadas ironias.

Minha solidariedade à família que suporta tão grande perda, e minha oração para que as pessoas que chegarem a tamanhos conflitos interiores, considerem o Amor com A maiúsculo, Jesus, antes de um salto desses, pois Ele, é a Fonte de Ouro puro, que nos garante nova casa, mesmo que essa se desfaça no pó... Nossos amores não nasceram conosco, nos invadiram um dia, e podem sair pela mesma porta que entraram, mas nossa vida...

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 06/10/2011
Reeditado em 06/10/2011
Código do texto: T3260753