LEIDA - A CONTADORA DE HISTÓRIAS

No texto anterior, falei da alta rotatividade de pessoas que trabalharam lá em casa durante a minha infância. Eram pessoas bem diferentes no modo de lidar com crianças: umas mais pacientes, outras menos cuidadosas, umas mais simpáticas, outras sisudas, enfim, cada uma com seu jeito peculiar de ser.

Josileide Targino, a nossa “Leida”, destacou-se como a mais divertida e criativa de todas. Enquanto lavava pratos ou passava roupa, por exemplo, conseguia prender a atenção de seis crianças contando historietas, fábulas, filmes e novelas que havia assistido ou situações vividas. A maneira entusiasmada como falava das coisas simples do seu cotidiano tinha algo de fantástico, e assim nos mantinha quietos e atentos (éramos excelentes ouvintes também!). Lembro-me do enorme orgulho com que falava do seu irmão “Capelense”, que fora jogar num time de Portugal... Poxa! Parecia tratar-se de nosso irmão!

Leida tinha pouco estudo, mas costumava ler fotonovelas, jornais, revistas, gibis (sempre em voz alta e quase soletrando). Todavia, apesar dos tropeços e gaguejadas, gostávamos muito de ouvi-la. Aliás, a leitura era um hábito comum em nossa casa e, às vezes, isso contagiava os outros que conviviam conosco também.

Ah! Não tínhamos aparelho de TV, apenas um rádio antigo que passava o dia inteiro ligado. Lembro das tantas vezes em que dançávamos e cantávamos ao som do velho rádio, e Leida era a mais animada. A alegria era geral, uma festa! Ai, que saudade...

Tomar conta de uma casa com seis crianças pequenas para cuidar, fazer as tarefas domésticas e ainda conseguir prender a atenção dessas crianças sem deixá-las sair pra rua, tudo isso de forma divertida e prazerosa, só a super Leida fazia.

Por onde andará a nossa querida Leida? Não tenho a menor ideia. Faz tanto tempo... Perdemos o contato, mas nunca a esqueceremos, pois ela marcou a nossa infância com a sua alegria. Beijão pra você, garota!

Jandira Lucena
Enviado por Jandira Lucena em 14/10/2011
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