Guerra

É na guerra onde aprendemos o que é fome, o que é dor e o que é sofrimento. Na fumaça que entra em nossas narinas e nas explosões que ouvimos diariamente, do qual nossos tímpanos zumbem. Buscar a sobrevivencia a todo custo. A primavera chega ao fim e o verão não será quente, o sol não se levantará todas as manhãs, cairá chuva, cairá neve, cairá medo dos céus. Raios partiram ao meio as núvens e os tiros soaram. Noites? Quem dera ter noites tranquilas de sono, temos que galgar o dia a dia, estamos em guerras, estamos com fome, estamos... Onde estamos?

Mas que guerra é esta? Quem é meu inimigo? Neste mundo de grandes depressões vivemos a totalidade de uma grande guerra pessoal. Guerras entre vizinhos, guerras entre facções criminosas, guerras entre os povos da cidade e seus líderes, que lideram um mundo para sí e não para o próximo.

Crianças correm no asfalto, os deuses estão felizes hoje; tem sol. Brincam. Mesmo com suas entranhas se contorcendo em fome, mesmo com seus sorrisos entre cicatizes de uma vida que não se curará. Elas correm. Ao longe carros em suas idas e suas voltas. Ao longe, milhões de pessoas conectadas procurando sentido a suas vidas, falando de suas vidas sem sentido. “Buscar o sentido” lema perdido da nova geração de consumo. Consumir felicidade, é o tema decorrente de milhões de livros na atualidade. A felicidade é a nova droga, vendidas em becos escuros por indivídos escondidos sobre suas capas. Capangas fortemente armados fazem o negócio, negociam a felicidade a alto custo quando aparece a policia e inicia o tiroteio.

Eis a guerra.

As crianças que brincavam correm e uma a uma caem no chão entre as poças de sangue. Os tiros são disparados e todos temem por suas vidas. Podemos morrer a qualquer segundo e nossas vidas valem menos do que o novo “gadget” da moda. As mães nos pés dos filhos mortos, elas choram, elas gritam. O camburão do I.M.L. as levam em caixas de ferro e logo estaram nas de madeira sendo comidos pelos vermes. A televisão faz a notícia do dia e falam que foi apreendida a maior carga de felicidade clandestina do ano. Ao fundo uma imagem dos bandidos mortos e uma matéria sensacionalista sobre a violência do país.

Guerra é guerra já dizia Jerry antes de Tom ser guilhotinado nos desenhos matutinos.

E qual será o preço desta guerras em vencedores? Ainda não teremos a resposta para esta pergunta, porém sabemos que as marcaremos com nossas lágrimas.