NÃO É FÁCIL DIZER!

Não é fácil dizer!

A falar aprendemos desde recém nascidos quando nossos pais acreditam que mal saídos para este mundo já poderemos dizer papai e mamãe, e ficam repetindo nos nossos ouvidos o tempo inteiro “Fala papai!”, “Diz mamãe, diz!”. E o mais incrível é que quando aprendemos a falar mesmo, e destravamos nossas línguas, aí vem sempre o “Cala a boca menino!” “Cala a boca menina!”. Mas poxa! Não eram eles que tanto queriam que se falasse depressa?

Mais tarde é que aprendemos que falar é até fácil, mas o problema é “saber dizer”. É como se precisássemos aprender a abrir as portas certas em cada momento da vida, já que ela é feita de um extenso caminho rodeado delas. Não há como negar que sempre, mas sempre, deveríamos procurar a cada instante abrir, a porta certa. Aberta uma errada, podemos cometer um estrago tão grande que mesmo que abramos depois milhares de certas, algum dia aquela errada poderá cobrar seu interior.

Assim é também com o dizer. Dizer sempre as coisas certas, da maneira certa, o jeito certo de dizer as coisas, é a maneira de abrir as portas certas. Na vida não estamos em um programa de televisão, onde podemos escolher abrir uma porta e ganhar um carro, como abrir outra e ter como prêmio uma banana. Estamos em um show que é só nosso, particular, e por isso mesmo o mais emocionante de todos!

Cada palavra é uma volta na chave e cada frase, uma porta que abrimos. O mais interessante é que alguns pensam que quantas mais voltas derem na chave com as palavras, mais fácil será de abrir a porta. Normalmente o número exagerado de voltas acabará por fazer com que se abra a porta errada e então, no lugar de um carro zero quilometro, poderemos ter uma banana ou quem sabe até uma penca ou pior ainda, um cacho inteiro delas. Quem sabe talvez até um caminhão de abacaxis, bem mais fácil de descascar, não?

Por isto, cuidado com a escolha da porta porque não é fácil, dizer.

Antonio Jorge Rettenmaier, Escritor, Cronista e Palestrante. Visite nosso blog em www.ajorgespaceblog.com.br e mande seus comentários para ajrs010@gmail.com. Esta coluna está em mais de oitenta jornais no Brasil e Exterior.