Brasil: o país onde o humor dá cadeia.

Acredito que todos já devam saber da polêmica que envolve o Humorista Rafinha Bastos. Aliás, ele vem levantando polêmica há tempos. Primeiro quando disse que toda mulher que reclama de estupro é feia e que o estuprador merece um abraço, e não a cadeia. O Ministério Público pegou firme em cima disso e acusou o moço de "Incitação à prática de estupro".

Agora, quando parecia que a mídia e o próprio MPU tinham se esquecido do antigo episódio, ele diz, ao vivo, no programa CQC, que comeria uma cantora famosa e o bebê dela, que comeria mesmo, sem dó! Agora ele está sendo alvo de um processo judicial, que lhe custará uma indenização de cem mil Reais e poderá pegar até três anos de cadeia pelo crime de Injúria.

Agora os senhores devem estar se dizendo: isso todo mundo já sabe, por que diachos essa mulher veio aqui nos relatar esses fatos já tão comentados pela mídia em geral? E eu vos respondo: quero fazer uma analogia a outro caso (outros, muitos outros!). Todos conhecemos um senhor chamado Paulo Maluff, que é acusado de superfaturar obras no valor de 796 milhões de Reais e, inclusive, é procurado pela INTERPOL. Mas, apesar disso tudo, ele foi eleito ano passado com 497 mil votos.

Entenderam agora onde eu quero chegar? Isso mesmo, estamos em um país onde os humoristas são levados extremamente a sério e os políticos são levados na brincadeira. Não que as pessoas devam sair falando tudo que lhes vier a boca, mas eu imagino que a cantora e seu marido já foram muito mais injuriados com os escândalos e roubalheiras por parte dos políticos do que com a brincadeira de mal gosto do Rafinha.

Mas, como o Brasil é o país onde ladrão de galinha sofre que nem um condenado na cadeia, enquanto os "socialites da gatunice" deitam em berço esplêndido, não há mesmo o que se estranhar. E enquanto isso, os espectadores da desgraça alheia ficam entretidos com a entrave do Rafinha Bastos, e não vêem o quanto são injuriados, difamados e roubados todos os dias.

Mi Guerra
Enviado por Mi Guerra em 20/10/2011
Reeditado em 20/10/2011
Código do texto: T3287759