Lambari, pequeno grande peixe!...

O lambari, peixe de, no máximo, um palmo de tamanho, está desaparecendo dos rios brasileiros por causa da pesca predatória e da poluição. Agora, soube que começa a ser criado em cativeiro, com reprodução induzida, no Estado de São Paulo, como opção para isca de pescaria e alimento para o homem, havendo grande interesse comercial por essa espécie.

De escamas brancas, estria negra ao longo do corpo e rabo vermelho, o lambari pode ser pescado na vara com minhoca, massa branca, cupim alado, filhote-de-marimbondo, gafanhoto e outras iscas menos convencionais, como grão de arroz cozido e talo de capim.

Já pesquei muitos lambaris no rio Sapucaí, em Itajubá, no Sul de Minas Gerais, e até hoje considero que é uma das mais prazerosas pescarias, pois o lambari está nas lagoas, nos lagos, nos rios e nas cachoeiras. Está, em tese, porque a poluição, o desmatamento, a dragagem de areia e a captura com rede estão acabando com a espécie.

Outra atividade fatal para a reprodução dos lambaris e outros peixes de escamas é a exploração de areia dos rios pelas terríveis dragas, que comem os barrancos onde o peixe desova. Os ovos de peixes sem escamas, “peixes - de - couro”- bagres, mandis, chorões, pintados, etc. –, são mais cartilaginosos e resistentes ao impacto das ondas geradas pelas dragas, em razão de que essas espécies conseguem sobreviver, ainda que com certa dificuldade.

O lambari é um peixe tão importante, que se situa na base da cadeia alimentar dos peixes maiores, tanto que, se o pescador constatar que naquela água tem lambari, pode concluir que há outros peixes maiores de escama - piaus, tubaranas, traíras, dourados, piranhas, etc. Se não vê lambaris, vai conseguir pescar somente “peixes -de –couro”.

Conheci um bar mineiro que servia lambaris fritos como tira-gosto. Ficava lotado, diariamente, e todos os peixes pescados na vara, sob autorização da polícia florestal, por gente simples da beira-rio, que chegava ao local ostentando “fieiras” com 20, 30, 50, ou saquinhos- de- plásticos com os peixes já limpos. Ganhando, assim, entre 6,00 e 10,00 reais por dia, garantiam boa parte do sustento da família, e o dono do bar, com esse petisco, vendia mais bebidas e cigarros.

Não quero exagerar nessa “sociologia do lambari”, mas é um dos peixes mais extraordinários que existem, apesar do seu tamanho, e requer muita técnica e espírito de pescador para ser apanhado na vara... Pescá-lo com rede é uma covardia antiecológica e criminosa...

“Lambari pratinha”, tambira (lambari de rabo amarelo), “macho véio”, seja qual for o apelido que os “piracuaras” lhe dão, proclamo desde já minha paixão por esse peixinho esperto e saboroso, cuja pesca enriqueceu minha juventude e me ensinou a ganhar alguns trocados para comprar meus picolés, sorvetes e ingressos para o cinema.

Quem quiser saber mais sobre a reprodução de lambari em cativeiro é só visitar a localidade de Cachoeira de Emas, em Pirassununga (SP), e se informar com os pescadores e o IBAMA.

Feichas Martins
Enviado por Feichas Martins em 21/10/2011
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