O Sucesso Vem de Dentro

(republicada)

Conheci a menina Maria Goret Chagas no dia de meu noivado. Ela completara onze anos e meio naquele dia treze de dezembro de 1962, quando os familiares e amigos de meu noivo, carinhosamente nos acolheram, na cidade de Franca/SP. Nascera tetraplégica e não andara até a idade de cinco anos.

Goret sempre se saiu bem nos estudos, graduando-se em Letras, Educação Artística e Semiótica. Durante vinte e oito anos, lecionou Literatura Portuguesa, no curso de Letras da UNIFRAN.

Logo que se aposentou, como professora, dedicou-se mais à pintura e vários de seus quadros foram premiados em exposições de que participou em várias cidades brasileiras. Filiou-se na APBP—Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, cuja sede se localiza na Suíça e tem por objetivo a integração do artísta plástico deficiente à sociedade, possibilitando que ele sobreviva por seus próprios méritos. E talento não lhe falta.

Atualmente, Goret se desdobra entre a criação plástica e o trabalho de palestrista. Vem realizando palestras motivacionais em Franca e em outras cidades do Brasil. E ainda acha tempo para a literatura. Escritora, escreveu o livro que já se encontra na segunda edição: “Realize...Tudo o Que Seu Coração Deseja”, relatando a sua história de vida. Participa deste site, onde divulga seus textos. Trabalho intelectual e arte como forma de superação.

Há algum tempo, esteve em Fortaleza, trabalhando por três dias no DIFERENCIART, evento realizado numa praça da cidade, onde também se apresentou em quatro cafés da manhã, numa rede de hotéis, pintando quadros.

Mas o ponto alto foi a palestra que ela proferiu para duzentas pessoas, na Faculdade FANOR, na citada capital, tendo como tema “Os milagres que Deus faz no seu dia a dia”. O tenor que cantou na abertura do evento interessou-se pelo trabalho artístico feito com a boca e os pés e teve a curiosidade de saber em quantos dias a talentosa pintora criava um quadro. Ela, cheia de humor, respondeu-lhe com um sorriso:

— Enquanto você canta uma canção, eu pinto um quadro!

E o desafio foi seguido com emoção e interesse pela grande platéia presente. O tenor cantava lindamente e Goret pintava usando a boca e os pés. No espaço da última nota da canção, a artista pôs a assinatura na obra. Quando o cantor lírico fazia a vênia para os agradecimentos, chegava às suas mãos, sob uma chuva de aplausos, a belíssima obra concluída e assinada por Goret.

Goret é um exemplo de bem viver que sabe superar a limitação com alegria, inteligência e arte