ESSA NINGUÉM ACREDITA

Meus caros amigos, houve um tempo neste planeta em que a ordem era estabelecida. Certos fatos ocorriam, apenas, em determinados lugares e em determinados lugares, apenas, ocorriam certos fatos.

Naquele tempo, lembro-me que a Nova Zelândia era um país inusitado, engraçado, e sempre que algo absurdo era citado em rodas de bar, no indício, por menos que fosse de descrença, aplicava-se o recurso infalível: acredite se quiser! Aconteceu na Nova Zelândia.

Eram bons tempos.

Mas o Brasil foi contrário à manutenção da ordem do universo.

Nossa primeira tentativa em desbancar países como a Nova Zelândia no ranking dos absurdos mundiais foi por meio de nossos diabos. Encapetados de toda a parte faziam seus shows de possessão demoníaca em locais públicos ou em suas casas, com direito a contorcionismos, grunhidos e, os mais letrados, inclusive o uso de línguas intraduzíveis.

Mas nossos diabos foram perseguidos pelas mais diversas religiões, espalhadas em cada esquina deste país, foram, e continuam sendo, expulsos aos milhares por dia, em espetáculos de entrada pseudo-franca. Mas os diabos continuam firmes. Não largam o território nacional, não vão para os países europeus de pouca fé e preferem continuar sua sofrida rotina de vítimas das mais diversas formas de perseguição. Continuam firmes, sem ideologias políticas, sem movimentos de sem corpo. Mas perderam sua credibilidade.

Partimos para o crime. Formamos organizações, facções, grupos e tentamos impressionar o mundo com roubos, assaltos, seqüestros e afins, todos mirabolantes e inacreditáveis. Não deu, nossos marginais esqueceram-se do mundo e perderam-se numa violência desmedida e sem controle.

Parecia que nada nos restava, mas então, surpreendentemente, nossos políticos tomaram o carro-chefe.

Inventaram as mais diversas falcatruas, uma sobre a outra, precavendo-se da nossa pouca memória. Furtavam, espoliavam o patrimônio da nação. Sempre, e cada vez mais, nos impressionaram. Mas abusaram, perdeu a graça.

Vendo o fim de nossos risos e o começo de uma simples descrença da nação, apelaram. Pediram aumento absurdo de seus salários. Não aceitamos, perdeu a graça. De simples descrentes, ficamos revoltados.

Mas calma, eles não desistiram.

Alguns deles, no próximo ano, pretendem fazer-se votar um projeto de lei de iniciativa popular. Mas não destes projetos ridículos que anseiam melhoras em educação, segurança, empregos, saúde ou afins.

É outro, um que reflete a vontade de todo o cidadão brasileiro: a anistia de José Dirceu e Roberto Jefferson, os dois ex-deputados, cassados, o primeiro por ser indiciado pelo Procurador Geral da República como chefe de quadrilha e o segundo por confessar ter recebido quatro milhões de Delúbio Soares do Valério-duto.

Estão arrecadando assinaturas para entraram com o projeto de lei.

Após a entrada deste projeto, ele seguirá o caminho dos demais, tendo que ser aprovado na Câmara e no Senado, e por último, pelo presidente. Agora me pergunto: Nossos queridos deputados e senadores, que já provaram inúmeras vezes sua preocupação com o bem estar da população brasileira, votaram a favor ou contra? E nosso presidente vai deixar seu companheiro José Dirceu na mão, caso o projeto seja aprovado nas duas casas?

Meus caros amigos, há muito tempo a Nova Zelândia perdeu seu troféu de acontecimentos inimagináveis para nosso políticos. E acreditem se quiser, aconteceu no Brasil.

Espero que o resto do mundo tenha boas gargalhadas com nossos fatos incríveis, porque para nós, a brincadeira perdeu a graça há muito tempo.

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