devaneios...


                       
 
Era um pequeno subsolo, que a mocinha descobriu, escondido dos olhos curiosos da maioria e que poderia ser transformado num cantinho de amor.
 
Indiferente ao que poderia acontecer caso os seus superiores viessem a descobrir as suas intenções, ela começou a planejar a arrumação do que passou a chamar "ninho de amor", quando a ele se dirigia mentalmente.
 
É claro que nunca havia namorado e no momento não tinha com quem compartilhar o espaço, mas isto era fácil, assim pensava.
 
Era bonita, formas perfeitas e atraentes ainda mesmo naquela difícil fase de adolescência, olhos de um verde profundo e chamativo, lábios carnudos e vermelhos, cabelo comprido cor do sol poente sem falar na sua pele que tinha o cheiro natural de alecrim.
 
Por que se preocupar com namorado? Este chegaria logo, assim que arrumasse o cantinho....
 
Os dias, meses e anos foram passando, os seus lábios murcharam, o cabelo embaçou, os olhos perderam o brilho, as formas perderam as linhas sinuosas se transformando em retas sofridas e até o cheiro de alecrim começou a lembrar folhas queimadas.
 
As lembranças começaram a esvoaçar pelas janelas, os sonhos ruíram. 

Na cela do convento ela ajeitava o hábito. 
 
Eram seis horas e as outras irmãs esperavam-na na capela para rezar o terço...
 
 
soninha.

Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 25/10/2011
Reeditado em 25/10/2011
Código do texto: T3298274
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