O CÂNCER DE LULA
 

“É maligno, é um tumor”. Foi assim que um dos médicos da equipe que assiste o ex-presidente Lula informou à imprensa sobre seu estado de saúde. O diagnóstico foi dado no dia 29 de outubro de 2011 no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para onde o ex-presidente dirigiu-se após sentir dores na garganta.
 
O tumor localiza-se na laringe e o fumo é uma das principais causas de seu surgimento. Em vista disso, Lula – que está com 66 anos completados em 20 de outubro – terá que submeter-se a tratamento quimioterápico na tentativa de extirpar o tumor. 
 
O ex-presidente saiu do governo com uma taxa de aprovação de 87%, o que ajudou muito na eleição de Dilma Rousseff, que foi chefe da Casa Civil de seu governo.
 
Lula nunca negou suas origens, pelo contrário, sempre se considerou com orgulho um legítimo “pau de arara”. Quando, ainda como sindicalista em São Bernardo do Campo/SP, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores em 10 de fevereiro de 1980, exultei de alegria, pois finalmente parecia estar chegando algo de novo na velha, mofada e rançosa política brasileira. E mais, estariam presentes nessa empreitada José Dirceu e José Genoíno, além de outros baluartes no combate à ditadura militar. Era mesmo uma esperança ilimitada, pois muitos intelectuais também aderiram ao novo partido, sendo o mais conhecido deles o jurista Hélio Bicudo, pessoa de caráter ilibado.
 
Seus dois mandatos (1 de janeiro de 2003 a 1 de janeiro de 2011),  foram marcados por amplos programas sociais e pela melhoria de vida de milhões de brasileiros. Porém, nesses oito anos, muita água passou sob a ponte e, consequentemente, as coisas mudaram, algumas, para pior. A mais escorchante de todas, aquela pela qual pagamos um preço altíssimo: a corrupção, principalmente nos altos escalões do governo federal. E Lula sempre negando tudo, bem como afirmando desconhecer que tais situações aconteciam debaixo de sua barba. Além disso, procurava minimizar e até ironizar quando a imprensa fazia a divulgação desses casos. E os bajuladores o acobertavam, sem saber o quanto isso era prejudicial à sua própria imagem.
 
Lula mudou muito nesses oito anos. Autointitulou-se um ser invencível e, via de regra, sempre se considerava o dono da verdade. Ninguém era melhor do que ele e a gota d’água no crescimento assustador de seu ego foi quando Obama disse que ele era “o cara”. Aí ninguém mais segurou o homem.
 
O surgimento dessa grave doença talvez faça o ex-presidente entender definitivamente que ele, apesar de suas qualidades, não é um ser invencível e indestrutível como passou a acreditar que era, estando, portanto, sujeito a todas as intempéries da vida. Torço por sua recuperação física, ao mesmo tempo em que torço também para que ele aprenda e se convença definitivamente de que Deus só existe Um.
 
 
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