APOLOGIA AO ANGU

Coloque numa panela de preferência de ferro um copo e meio de água. Estando ela ainda fria dissolva um pouco de fubá até que se torne a mistura um mingau homogêneo. Depois coloque sobre o fogo e vá mexendo até o mesmo cozinhar e se tornar uma papa mais consistente. Feito isso despeje sobre um prato e deixe esfriar um pouco. Em breve teremos uma iguaria que de tão simples se torna nobre à mesa e ao paladar. Ao menos lá em casa...

Comida de escravos símbolo do desleixo e apatia dos senhores brancos com relação aqueles que os serviram e construíram o Brasil, o angu é hoje, ao menos lá em casa, quitute de encher os olhos e a boca de água. Os olhos porque creio que também comemos com os olhos e por ele aumentamos nosso apetite e o prazer de estar à mesa em horas de degustação. Encho também os olhos porque tal iguaria recorda meu pai que hoje finado foi em vida também grande apreciador desta iguaria do milho. E sempre que aprecio o angu me vem à mente sua imagem e satisfação que tinha à hora da refeição apreciador que era da boa comida. Puxei a ele. E a boca naturalmente se enche de água ao ver sobre a mesa o apreciável angu.

Adoro a comida de meu estado. Seria natural isso? Seria eu suspeito de ter tal gosto? Não sei, só sei que é assim. (Sem querer parafrasear Chicó do Alto da Compadecida) Frango com quiabo, Carne de porco na e com gordura, feijão picado vermelhinho e brilhoso na panela, torresmo, Couve rasgada ou picada, molho de jiló com chuchu, abóbora madura com pimenta do reino, costelinha de porco, suan de porco e várias outras coisinhas de nossa mineira cozinha com uma pitada de pimenta e uma boa cachacinha pra abrir o apetite. Tudo isso se acompanhada do angu tem uma suavização no sabor que só quem já provou sabe como é.

O angu é complemento na comida. Aumenta a sustância e trás um sabor diferente para o restante das iguarias. Cada alimento tem seu sabor único e quando unimos dois distinto sabores temos algo novo. E é isso que o angu faz, principalmente se a outra iguaria for de sabor forte. Ele suaviza.

A pele de porco torrada, por alguns chamada pururuca, com angu fica uma delícia. Mergulho uma lasca da pururuca no angu e levo a boca como se fosse um sorvete. É de se fazer um “huuummm!!!” igualzinho ao da Ana Maria Braga. E quando na panela fica aquela rebarba de gordura e lasquinhas da carne, passo nela uma torinha de angu e limpo-a com gosto. Jiló com angu abranda qualquer preconceito com este legume, ou seria verdura? (Nutricionistas... help.) Se fazemos dele uma dobradinha com carne moída e molho de tomate aí é apelação. Chamem-no de polenta se quiserem. Pra mim é angu com carne moída. Coisa fina!!! Hum!!! Comida de servir pra visitas. (Vale lembrar que o mineiro é super hospitaleiro)

Quando tem frango com caldo, pra mim o angu se torna uma sobremesa. Pego dele um belo naco e mergulho no prato com caldo do frango e uma boa pimenta. Saboreio-o lambendo os lábios. E pra fechar a nobre refeição que tal angu com leite ou até mesmo ele mergulhado num belo copo de melado de cana de açúcar. Delícia!!!

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 02/11/2011
Reeditado em 07/11/2011
Código do texto: T3312875
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