A noiva chorou... chorou...

Diariamente, várias embarcações navegam pelo Rio Pinhão. Esta atividade turística tem crescido e desenvolvido muito na região, atraindo não só portugueses mas também pessoas vindas de todas as partes do mundo. Pinhão é um pequeno rio afluente do Douro que banha a região famosa da rota do Vinho do Porto, uma das bonitas terras de Portugal. A paisagem deslumbrante é dominada pela montanha, em socalcos, a sumir de vista com suas videiras.

Depois de um calmo passeio, à tardinha, as embarcações sucedem-se no cais de Pinhão com suas margens pedregosas. Os turistas são esperados pelas vendedoras com os tradicionais doces da região e o singular artesanato. A afluência torna-se maior no segundo domingo de julho, na ocasião da festa anual em honra da Padroeira, Nossa Senhora da Conceição.

Num período mais tranquilo, uma empresa portuguesa de grande porte decidiu presentear seus funcionários com este gostoso passeio. Foi contratada a assistente de bordo e guia turística, Helena, que testemunhou uma inusitada e inédita história. Ao longo da viagem, aproveitou para fazer uma descrição dos lugares mais emblemáticos e do trabalho feito pelos homens ao longo dos séculos naquela região que por ser tão peculiar e bela foi classificada pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade, em 2001, na categoria Paisagem Cultural, Evolutiva e Viva.

Terminado o deslumbrante passeio, ao chegar ao cais, uma funcionária que devia ter uns trinta anos, abordou-a em prantos. Sem ela perceber, perdera o anel de noivado que há poucos meses havia ganhado. Não queria ficar sem aquele simbólico presente do noivo.

Helena comunicou-se com o presidente da empresa, o qual autorizou-a fizesse a busca do anel no leito do rio, independente do alto custo desse procedimento. Enquanto isso, a noiva chorava... chorava...

Vieram da região mais próxima todos os recursos de que dispunha o Corpo de Bombeiros. E eles mergulharam, num árduo trabalho, procurando no leito do rio, formado de areias, cascalhos e lamas, o pequenino mas valioso objeto.

Estavam já desanimando, quando um deles viu uma coisa que brilhava no meio da lama.

Agora, a noiva mudou o registro do choro. Chora... Chora... de felicidade! Ostenta o anel no dedo e chora, ouvindo mentalmente a marcha nupcial, pela presença do noivo simbolizado no ouro e quase perdido no fundo do rio.

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 03/11/2011
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