O filho do homem, apenas alguém...

(Esta minha obra não têm por razão alguma a idéia de contrapor qualquer religião, ou pensamento individual, é apenas e unicamente o desabafo de meu coração, não precisa ser compreendida ou aceita, nem desejo eu magoar ninguém, é apenas um pensamento muito particular ao qual me reservo o direito de ter, expressa-lo pode não ser de serventia a alguém, mas com certeza é minha maneira única de expressar o respeito e o amor que aprendi a conhecer do meu Senhor Jesus!)

Certa vez em Belém nasceu um menino, pequeno, franzino, filho de mãe solteira nesta terra, onde a hipocrisia do falso moralismo, infelizmente em muitos casos ocorre até hoje, a jovem terna e ainda imatura, era mulher de igual valia e fé, no entanto, só diante dos olhos dos homens, que vêem apenas a verdade que os convém...
Um certo carpinteiro, habilidoso em seu ofício, e muito honesto, por amar incondicionalmente sua jovem noiva, aceitou humanamente, sua gestação...
Antes de ser um filho de Deus, aprendemos primeiramente a sermos um filho do homem, só depois, e assim mesmo, se nossos pais forem fervorosamente religiosos, é que nos ensinam, sobre o Pai Maior...
Que ironia será que não deveria ser ao contrário?
Bom, continuando a história...
O menino nasceu, como filho do homem, limitado em todos os aspectos que isto nos impõem, mas cresceu em graça e simpatia, aprendeu o oficio de carpinteiro, o mesmo no qual acredito trabalhar Deus, lapidando todos os dias as toras de nossa limitada ignorância, tornando nossa forma harmoniosa e definida, mesmo que nem percebamos...
Ainda quando menino sentiu o desprezo de muitos que o viam, como um bastardo desgarrado, um menino esquisito, que falava de coisas que nem (na opinião dos doutores), deveria falar, mas ele, o filho do homem, falava...
Quando homem, decidiu exercer o seu oficio e trabalhou a finco toda madeira bruta que encontrasse pela frente, e saiu pelo mundo, agindo realmente assim...
Primeiro buscou as melhores ferramentas que poderia usar, 12 apóstolos, que sendo eles também filhos dos homens, eram como o martelo, a talhadeira e o formão, nas mãos do filho do homem, o simples carpinteiro...
E ele, o filho do homem, não foi buscar nenhuma madeira de lei, pelo contrário, buscou aquelas madeiras mais rústicas, mais difíceis de trabalhar, as espinhosas, as tortas, as deformadas pela ação do tempo e dos ventos e tempestades que suportaram...
Criou todo o tipo de trabalho, fez o inverso do que era torto, delicadamente moldou cada qual, conforme cada tora de madeira o permitiu, mas respeitou a forma individual de cada uma, e mesmo assim, continuou a ser um simples carpinteiro...
Não era homem de muitos amigos, este filho do homem, mas com certeza era homem de muitos inimigos...
A verdade quando se trata daquela que nos convém, sem percebermos, nos cega nos tornando tolos o bastante para que desmentimos Galileu, e vivermos como se o mundo girasse em torno de um único eixo, ‘o nosso umbigo’. Não é nada fácil, aceitarmos, que esta muitas vezes é nossa cotidiana realidade...
Então prefiro sempre estar ao lado de ‘inimigos sinceros’ do que de ‘amigos falsos’, pois meus inimigos com certeza estarão em meu velório, mesmo que seja para ter certeza de que parti, e serão capazes de carregar meu caixão, para se certificarem de que não voltarei mesmo...
Enquanto amigos falsos lá estarão só pelo cafezinho, e para fingirem que virei santa só por que morri, talvez nem se lembrarão de dizer algumas palavras, mas se alguém disser, com certeza o fará só para ser notado, mas nenhuma palavra saíra com verdade de sua boca, mas com certeza também estarão lá, para se certificar de que se livrarão de mim...
E não foi diferente com o filho do homem, ele foi açoitado, guspido, despido, humilhado, maltratado de todas as formas que são humanamente possível e impossível de suportar, só por dizer a verdade, só por praticar a verdade, só por ser um simples carpinteiro...
E quando estava ele, coroado de espinhos, crucificado, quase sem força e sem fôlego, ele respirou fundo olhou para o céu, e perguntou, como simples carpinteiro, como filho do homem...
Pai, por que me abandonaste?...
Neste instante penso eu, porque o abandonaste, mas sabe, acho que o filho do homem, naquele exato momento pode ter pensado, que o Senhor, que opera tantos milagres todos os dias, ao manter a vida de todos os que despertam, que concede nova alma a tantos fetos que se formam nos ventres, e tantos outros milagres que se eu fosse citar todos precisaria de umas cem eternidades só para começar, ufa, nem a eternidade seria o bastante para enumerar os milagres de Deus...
Naquele instante eu acredito, que não foi assim, Deus não o abandonou, pelo contrário, acredito que meu Senhor naquele momento abandonou tudo, o universo todo, só para estar naquele instante, somente ali, a ampara-lo, somente ali a sofrer por Ele, que então deixava de ser o filho do homem, para se tornar o Bem-aventurado para os homens, naquele instante acredito que Deus chorou, chorou muito...
Ele criou tudo, e todo, só para nos dar o melhor não nos fez criaturas, nos gerou em seu amor, seus filhos...
E mesmo assim do que adiantou?
Penso naquele filho do homem, que ficou ali quase só, os únicos que agonizaram diante de sua morte carnal inevitável e clara, o fizeram num amor incondicional, não por ser um filho do homem, não por ser o Filho de Deus, mas por ser alguém que amavam, respeitam e se importavam, Maria sua mãe, chorou e sofreu, pelo pequeno menino que cresceu em seu ventre, o mesmo menino que alimentou, aqueceu, protegeu, e o amou de forma incondicional, não por ser também um filho de Deus, mas pela benção de gerar um Filho com tanto amor e com tanta ternura, que só queria compartilhar este amor com o mundo...
Sabe, posso não viver como este filho do homem, mas gostaria de morrer como Ele, não crucificado, pois isto nós fazemos com nossos semelhantes todos os dias que até já se tornou banal, crucificamos as pessoas julgando-as e condenando-as preferindo libertar nosso Barrabás interior, pois nos convém parecermos bonzinhos, assim, nós encontramos outros culpados para acusar, o caos social, culpamos os governantes, o caos da saúde culpamos os que nos atendem, o caos da antiética culpamos os corruptores, o caos da miséria culpamos o desemprego, sabe passamos tanto esta culpa de mão em mão que não dá nem para saber de quem é a vez de quem está passando adiante tudo isto, mas é bom, não é...
Não temos culpa de nada é sempre o outro...?
Pois é, não temos nenhuma culpa, afinal que responsabilidade temos com alguém além de nós mesmos...
Diz um sábio provérbio árabe “Quem fala o que quer, ouve o que não quer!”, mas sabe nós preferimos falar o que não queremos, só para ouvir apenas aquilo que queremos, então se culpar do que?!?!
Então eu prefiro, morrer como morreu o filho do homem, só, pois nada fazemos para ninguém que não torna a nós...
Se tiver que fingir, prefiro ser odiada pela sinceridade de meus sentimentos...
Se tiver que ser amada, prefiro ser odiada por ser realmente quem sou...
Se o filho do homem, por ser o que realmente é foi odiado, quem eu sou, apenas mais um filho do homem, então não há em mim pretensão alguma disto...
Mas eu sei, que assim como por Ele, por mim por você também, na hora derradeira, Deus vai chorar, chorar muito como chorou por Ele, mas não foi e não será de tristeza, será de dor, pois pensa Deus na minha opinião...
Filho, fiz tudo para você e por você, pude e posso tudo, mas ainda assim não te fiz feliz, onde errei?
E eu repondo para o Senhor, que ele não errou comigo, nem com ninguém, só fez a anatomia de nosso corpo diferente, pois se tivesse nos criado, colocando nosso coração debaixo de nosso pé, nós teríamos a sensibilidade de pensar bem antes de pisar no coração de nosso próximo, por que conheceríamos a dor de pisar no nosso próprio!
Sabe, esta mensagem pode servir apenas para mim, mas gosto de acreditar nela, ainda assim se algum dia por alguma razão fiz algo de bom para alguém não se iluda, fiz para mim mesma, assim como se fiz algo de errado com alguém, fiz para mim mesma também,
Pois não há nada de bom que se possa fazer para alguém, que este seja capaz de reconhecer, afinal o filho do homem, o Filho de Deus, fez e não teve valor para tantos, quem sou eu para querer ter, mas se por alguma razão alguém acredita que me deve algum favor está enganado, fiz por que quis, porque é como sou e o que sou, não me importo, foi a melhor esmola que já dei, não se joga ouro a porcos, eles não sabem a diferença entre respeito e amargura, no entanto se jogam migalhas a pombos, eles se alimentam, se fartam e vão embora, não conheço nenhum que tenha voltado para agradecer...
Ainda assim, prefiro ter um inimigo sincero a um amigo falso!
Pois todo aquele que usa de argumentos para destruir alguém, ou condicionar alguma coisa, em favor de um único interesse próprio e egoísta, nada mais faz do que mal a si mesmo, e a uma pessoa desta, não há nada que se possa fazer de mal em troca, que ela já não seja capaz de fazer consigo mesma...
Morreu o filho do homem, quem liga, era só um carpinteiro...
Morreu o filho de Deus, quem liga, era só alguém que incomoda todo hipócrita...
Morreu o menino que nasceu em Belém, que pena, Ele poderia ter feito a diferença em tua vida...
Que pena que você não deixou...
Agora quando você morrer também, dá até para escrever numa bela pedra de mármore...
Aqui jaz alguém que diferença não faz
Mas aqueles que magoou,
Não te esqueceram jamais!

Alexandra Galitzki
30 de dezembro, 2006.
“Vejo a vida assim...
Vejo a todos assim, infelizes
Até eu mesmo,
Talvez por isto
Deus tenha tanta compaixão de nós...
Por sermos tão tristes!”
(Frase de autor desconhecido)