Filosofar é preciso


 
 
                               Vamos parar de enganar as pessoas. Vamos dizer logo o que existe nesta  vida.
                               Esse negócio de objetividade, de olhar o objeto com neutralidade, como quer a ciência, não existe. Isso é que é ilusão. É a arrogância do ser humano, disfarçada de ciência.
                               O que existe é a nossa subjetividade, em tudo que conhecemos, em tudo que fazemos.  Acho graça o pessoal do Direito falando em impessoalidade, para fazer Justiça.
                               Mas Justiça, se é que isso existe, só poderá ser feita se conhecerem a minha subjetividade, exatamente a minha pessoa. Não posso ser tratado como Impessoal, que loucura é essa?
                               Para observar o mundo não tem essa de pairar acima do objeto. O que temos é que nos agarrar ao objeto, assim como damos  o nosso “amasso” na amada.
                               Só podemos entender um pouquinho a vida se entrarmos nesta neblina que é a vida. Olhando de longe a neblina,  não vemos nada. Experimente entrar na neblina. O olhar se acostuma  e é quando começamos a enxergar  as pessoas.
                               Como você pode ter carícia, amor, amizade, emoção generosa,  sendo objetivo?  Sem entrar no nevoeiro?
                               O que é isso? Que loucura é essa?  Sou pessoa, não sou objeto. Portanto, para me conhecer,  tenho que ser agarrado, “amassado”.
                               Somos humanos e só podemos ser conhecidos neste agarra-agarra. O que nos mete medo é esse nevoeiro que é a vida. Claro, nesse nevoeiro ocorrem colisões, derrapagens, acidentes.  Mas é preciso não enganar mais: A vida é nevoeiro...
                               Mas é isso que quero dizer, a partir de uma reflexão d e Vilém  Flusser , filósofo tcheco, naturalizado brasileiro, lembrado por José Castello, a quem agradeço por me dar oportunidade para acrescentar também minhas reflexões sobre o tema. E fui conhecer o filósofo.   Nesta subjetividade  é que temos que encontrar nosso caminho. E só a arte para nos ajudar a abrir clareiras neste “fog” da vida.
                               Pelo que entendi, Flusser foi um existencialista. Enfatiza a existência. E acho que não vemos outra coisa senão nossa existência.
                               E que bom  quando ele diz que temos que ser incluídos no conhecimento com nossos anseios, ficções, sonhos, ilusões, mentiras. Tudo isso não como uma pretensa deformação. Isso tudo somos nós. Tudo isso faz parte da grande névoa que é a vida!
                               Ficção é a objetividade...
                               Quero continuar vivendo na névoa, porque nela sou humano, vivendo a vida,   com todas as minhas contradições.
 
Gdantas