"A NOBREZA DO RECOMEÇO" Crônica de: Flávio Cavalcante

A NOBREZA DO RECOMEÇO

Crônica de:

Flávio Cavalcante

É incrível como o ser humano ainda carrega esse tipo imaturidade. Eu fico estupefato com a evolução da matéria no hoje em dia e o retrocesso do homem quando se diz conhecer ele próprio.

A perfeição da natureza move força que se auto-harmoniza. Vemos numa colmeia como tudo é organizado, põe exemplo. Cada um tem sua função e recebe ordens da matriz soberana que é a rainha. Em épocas de outono a produção do alimento próprio da realeza é produzido com afinco, por causa de sua necessidade de reprodução. O poder mágico que este alimento possui é de uma grandiosidade extrema em termos de valores para a rainha, que deveria ter mais cuidado com as suas subordinadas que são as operárias e que produzem este alimento que pode ser uma grande ameaça e dor de cabeça para ela. O contrário da mente poluída do ser humano.

A natureza serve até de lição para nós que nos consideramos racionais. A geleia real é um alimento poderoso e basta que uma operária daquela tenha uma má índole e consuma um pouco daquela produção, para passar a ser uma concorrente ao trono; mas, o que elas preservam em seu habitat é a ordem e o respeito pela superioridade. Mas num rebanho sempre tem uma ovelha rebelde e quebra todas as regras de conduta. E no caso da colmeia, basta uma operária comer uma porção da geleia real para crescer o abdômen, característica principal da abelha real. Em casos assim, por ordem natural, não há como ter dois comandante no mesmo reinado e um tem que cair fora independente do tempo que esteja no cargo. A briga pelo trono é inevitável e uma delas paga a façanha com a própria vida. Precisa ter coragem pra enfrentar a monarquia. A diferença é que a partir da hora em que a operária consome o rico e poderoso alimento real, todos os súditos ficam estáticos e não interferem no duelo, assistindo de camarote até que a natureza dê o seu parecer para a nova coroação ou a recuperação da antiga rainha. Assim que passa o duelo, toda a colmeia volta as suas atividades normais como se nada tivesse acontecido. E caso aja necessidade de formar toda a colmeia novamente isso é trabalhoso mas, todos encaram de peito erguido e a sensação que tudo se renova, se recomeça quantas vezes for necessário.

Vendo essa maravilha de organização da natureza produzida por animais invertebrados e irracionais, deveria servir de exemplo para os homens racionais comandantes de todo o planeta e dono de toda tecnologia exposta para o seu bem estar.

Citei aqui o exemplo das abelhas para denotar o quanto o homem inteligente ainda tem muito que aprender com as simples coisas que a vida nos oferece de forma tão estampada na cara.

O homem moderno não enxerga o recomeço de vida como o exemplo citado, mas sim, como um fato vergonhoso de recomeçar a vida depois de uma queda por causa de uma turbulência. Muitos deles não conseguem enxergar o tombo como um fato natural e ao invés de levar uma vida tranquila dando o primeiro passo novamente, passa a viver de aparência, se enforcando cada vez mais e na maioria das vezes para não descer do pedestal, prejudica outras pessoas de seu convívio que não tem nada a vir com o seu distúrbio.

É um assunto que causa várias discussões. Até porque um dos pontos fracos do ser humano é o ego e este quando lhe é ferido, acontece uma mudança radical em sua vida muitas vezes mexendo com o psicológico que venha atingir a si próprio só pelo fato de não querer encarar a tempestade em sua vida como um fato natural.

Quantas pessoas no mundo nesse momento não estão passando por esta situação e quantas não chegam a praticar o suicídio por não aceitar imaginar o que alguém possa vir a falar de sua derrota, já que o conheceu em tempos de vacas gordas, o que na realidade no hoje a vida lhe deu uma rasteira e o medo impediu dele recomeçar de peito erguido?

Será que isso é motivo para tanto alarde? Não seria mais simples encarar a fera de frente do que tentar enfrenta-la sem equipamentos apropriados? É de uma nobreza sem fim quando uma pessoa consegue enxergar todo dissabor como uma esperança e aceita encarar o recomeço de vida como uma nova etapa de sua existência. Afinal a vida de fato é uma escola e se fomos reprovados de anos voltamos para a série anterior para aprender novamente.

A vida de fato não é tão difícil como se parece. Como diz o ditado popular “O DIABO NÃO É TÃO FEIO COMO SE PINTA” Na realidade nós é que fazemos a vida se tornar complicada pondo barreiras onde não existe confronto, deixando-nos sem a oportunidade de sermos felizes ou fazer alguém feliz.

Muitas vezes temos medo do recomeço não pelo fato de termos que recomeçar, mas, pela satisfação a outrem que achamos que tem que dar. Este outrem que não tá nem aí pra nossa história, mas a nossa mente cria esse mundo á parte e enxergamos todos nos observando vinte e quatro horas como se tivéssemos enclausurados e vigiados pelos olhos famintos dos que se dizem amigos. E daí para mantermos o padrão que nós achamos que é satisfatório para os olhos deles, entramos num funil sem fim. E cada vez mais que não acordamos para a realidade, aí é que o buraco se torna mais profundo e aí sim, fica mais difícil de termos pelo menos a chance de procurar encontrar uma forma de recomeço.

NÃO HÁ O QUE TEMER. NÃO HÁ ERRO E NEM VERGONHA. TODO RECOMEÇO FAZ PARTE DE UM APRENDIZADO. E QUEM NUNCA CAIU QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 07/11/2011
Código do texto: T3321729
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