"SAUDOSA AURORA, SAUDADES DE OUTRORA" Crônica de: Flávio Cavalcante

SAUDOSA AURORA, SAUDADES DE OUTRORA

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Quem não lembra dos tempos em éramos crianças? Quando brincávamos no pátio da escola; tempo em que mamãe esperava todos para almoçar em união sentados todos em volta á uma mesa, onde papai sempre na cabeceira dava o seu parecer de chefe familiar. Um chefe que ditava ás ordens dentro de casa, mas era amigo na hora de ser amigo. E quando eu errava brigava comigo. Terminava o compartilhar daquele almoço abençoado, papai voltava ao trabalho e mamãe continuava nos afazeres domésticos. Nós nos preparávamos para se juntar ás outras criançadas para brincarmos despreocupadamente com qualquer obrigação. Éramos felizes e sabíamos disso piamente. A alegria era a nossa amiga e companheira e não tínhamos noção que um dia tudo isso ia se tornar apenas uma lembrança saudosa e uma memória apagada por muitos. E que lembrança saudosa.

O cantar dos pássaros no alvorecer de um novo dia chegava aos nossos ouvidos como uma sinfonia, que misturados com as algazarras de nossa alegria, empolgava ainda mais as cigarras que ecoavam sonoridades como trombetas dos céus. Ah! Aurora que trazia tanta alegria por entre aqueles arvoredos fechados e chãos de barro duro que nossos pezinhos conheciam tão bem.

Flores que recebia aquele beijo caloroso do Don Ruan o beija-flor e em recompensa nos presenteava com aquele perfume incomparável de sua essência.

Olha aquela árvore que brincávamos todos os dias fazendo do seu tronco baixo o cavalo de Don Quixote.

O tempo passou e parece que tudo mudou por aqui.

Aquela macieira. Olha lá. Nem possuem mais folhas. Acho que nem é a mesma de nosso tempo. Levei uma linda maçã pra professora Izabel.

Ah! Saudosa aurora, saudade de outrora.

Queria contemplar-te mais uma vez, voltar a ser aquela criança peralta que ainda não havia acordado do sonho. Por que acordamos pra essa realidade tão cruel?

Aquele paraíso, não pode ser isso que estamos vendo no hoje.

Como pode um lugar tão lindo virar um celeiro de sangue onde os bichinhos que nos alegravam aquela aurora, têm como recompensa uma morte bruta para a satisfação de homens que carregam a violência para matar a satisfação de sua diversão.

Que saudades do tempo de outrora. Mas é uma saudade profunda que dói demais no peito. Saudade de Papai e de Mamãe que não mais nos reúne á mesa para o almoço e jantar. Eles cumpriram sua meta e se foi pro infinito e estão a velas por nós. Saudade daquela inocência, daquele moleque travesso e despojado, de pé no chão e roupa surrada, que brincar com amiguinhos era a sua única preocupação.

HOJE O QUE RESTA É UMA SAUDOSA AURORA E QUE SAUDADES DE OUTRORA.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 08/11/2011
Código do texto: T3323335
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