O HUMOR É NECESSÁRIO

LI ARTIGO DE UM BRILHANTE SOCIÓLOGO, LAMENTANDO O SUMIÇO DOS ESCRITORES, PARA REGISTRAR EM LIVROS AS GAFES DOS POLÍTICOS. ACHA QUE, TALVEZ SEJAM OS RESQUÍCIOS DA DITADURA.

O ESCRITOR HUMORISTA APARÍCIO TORELLY APPORELY, VIVEU NUMA ÉPOCA EM QUE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO ELETRÔNICA ERAM AINDA MUITO CAMBEMBE. STANISLAW PONTE PRETA VIVEU NUMA ÉPOCA MAIS AVANÇADA, MAS ERA AINDA MAIS FORTE A COMUNICAÇÃO, ATRAVÉS DA IMPRENSA ESCRITA. HOJE TEMOS A TELEVISÃO, O RÁDIO E A INTERNET FAZENDO PIADAS COM OS POLÍTICOS BRASILEIROS, COM OS POLÍTICOS INTERNACIONAIS, COMO, POR EXEMPLO, BUSH, SADAM HUSSEIM, FIDEL CASTRO E TANTOS OUTROS.

DIZIA O ESCRITOR HENRI BERGSON: “O HUMOR É A QUEBRA DA LÓGICA”. AS PIADAS CONTRA O REGIME DE EXCEÇÃO CAUSARAM ALGUNS ABORRECIMENTOS, MAS COMO TUDO QUE É PROIBIDO É TENTADOR, OS HUMORISTAS DESAFIAVAM A CENSURA E ASSUMIAM OS RISCOS.

CHICO ANÍSIO, NUM MOMENTO MAIS TORTURANTE DO PAÍS SAIU COM ESSA PICANTE PROVOCAÇÃO: “QUEM NÃO TEM CÃO CAÇA COM GATO, QUEM NÃO TEM GATO CAÇA COM RATO, QUEM NÃO TEM RATO CAÇA COM ATO”. ERA A ÉPOCA DOS FAMIGERADOS ATOS INSTITUCIONAIS.

AINDA CHICO ANÍSIO, JÁ NO PERIODO DA “ABERTURA LENTA E GRADUAL”, TINHA UMA PERSONAGEM, SALOMÉ. FAZIA UM DIÁLOGO FICTÍCIO AO TELEFONE: “JOÃO BATISTA, QUANTOS MINISTROS VOCÊ TEM? ...?...42!... BAH, ALI BABÁ SÓ TINHA 40!”...

JUCA CHAVES, AO SER ANUNCIADO NUM SHOW, ADENTROU-SE AO PALCO PUXANDO UMA TARTARUGA COM AS CORES DA BANDEIRA NACIONAL.

OS INOCENTES TRAPALHÕES CANTAVAM: “ESSE É UM PAÍS QUE VAI PRA FRENTE”, ENQUANTO CAMINHAVAM PARA TRÁS.

O BRASILEIRO, QUANTO MAIS SOFRIDO, MAIS CRIATIVIDADE TEM EM INVENTAR PIADAS.

QUEM SOU EU PARA POLEMIZAR COM UM ILUSTRE SOCIÓLOGO. SOU APENAS FORMADO NA UNIVERSIDADE DA VIDA E DIPLOMADO EM LETRAS APAGADAS. O ATUAL HUMOR NACIONAL PODE NÃO ESTAR REGISTRADO EM LIVROS, MAS A MÍDIA DEITA E ROLA COM O GOVERNO LULA E SUAS GAFES, ÀS VEZES DE FORMA ATÉ PRECONCEITUOSA, MAS O PRESIDENTE NÃO MANDA “PRENDER E ARREBENTAR”. ESTAMOS CAMINHANDO PARA UMA DEMOCRACIA PLENA.

LEMBRO-ME DE UM SLOGAN: “É PROIBIDO PROIBIR”. E O QUE NÃO É PROIBIDO PERDE A GRAÇA.

Esse texto foi escrito no ano de 2005.