UMA FLOR DE CADA VEZ

Eu entro na casa, eu te abraço como se nunca o tivesse feito, mas

meu abraço é sem graça, parece frio ( mas não é ), minhas marcas

me deixam zonzo, meus caminhos meio perdido... Eu chego e estou

mas parece que não estarei, parece que não vim, sou meio estranho

até mesmo sem querer...

Eu olho pras flores, rego as plantas, tomo o café...um bate papo,uma

colher, o açucar e e vou dormir, meus sonhos são batalhas, chega á

ser um massacre !!! Eu te espero, eu falo com você, eu deixei uma

flor, apenas uma ! Mas no estado em que me encontro: Tem que ser

uma de cada vez, uma de cada dia, como se fosse um " Pai Nosso"

uma oração, um encanto que se constrói aos poucos, em segurança

uma segurança estranha, um terço de contas, uma novena...

Eu paro o caro, o barulho de puxar do freio de mão, a manhã que se

inicia e o frescor das palavras não ditas ( ainda ), eu seguro minha

xicara, eu adoço o café, rego as palavras, como sempre reclamando

da vida, como um vampiro que reclama não poder ver a luz do dia

condenado pra passar a eternidade nas sombras...

Eu te digo " até logo" e rezo pra que esse bye bye seja breve, que

eu possa te ver novamente, eu com as mãos no volante, minhas mãos

que já seguraram tantas flores, e hoje em dia, só rega, mas só pode

oferecer " uma de cada vez", como um conta gotas, uma dose bem

regrada, uma medicação...

Eu ando pelo mundo descobrindo coisas, chorando em telefones, eu

me acho e já me perco, me sinto num filme, num papel que eu não

queria interpretar, descubro tantas cores, me enrosco em tantos

amores e adoro quando estou só...

Eu vivo pelo mundo? Será? Eu paro nas esquinas e me sinto tão sem

rumo...eu só te dou flores uma de cada dia, uma de cada vez...Eu

escapo de mim mesmo, corro mais rapido pra não deixar que esse

amor me prenda e me faça refém de mim mesmo....

trindade
Enviado por trindade em 11/11/2011
Reeditado em 11/11/2011
Código do texto: T3329371