OS CHIPS

De uns tempos pra cá, depois que a nossa vida fora do sagrado recinto do lar virou um big brother, eu fico contando os lugares aonde vou que não tenha uma câmera me filmando. Tudo em nome da minha segurança. Segundo o poder público é para inibir um pouco o crime e identificar criminosos. O elevador, a padaria, o açougue o supermercado, a loja, o banco, o shopping inteirinho, as ruas movimentadas, tudo filmado e aceito por todos para garantir o ir e vir teoricamente livre das pessoas ou então garantir que seja identificado e preso aquele que cometer uma infração. Ninguém reclama da privacidade invadida, pois o benefício seria para todos. Tem uns lugares que ainda pedem para a gente sorrir. Acho que nem o técnico da Alemanha reclamou quando foi flagrado comendo a própria meleca do nariz na copa do mundo que passou. Não escapamos mais da vigilância.

A última intenção anunciada (e muito aplaudida) é que os presos em liberdade condicional vão ter que usar um chip no tornozelo para serem monitorados. O dono de uma empresa privada qualquer pode não querer que em sua sala não se filme nada. Ali é um espaço privado, pago por ele. Agora pergunto: e nos gabinetes de ministros, vereadores, senadores, deputados, prefeitos, governadores, presidentes e juízes? Lá que é pago com nosso dinheiro, a função deles é pública (não teriam absolutamente nada a esconder durante o seu trabalho, não é mesmo?) E por que não podem ser monitorados? Por que a nossa privacidade (que somos os pagadores da conta) pode ser invadida e a deles não?

Quando vejo uma CPI ou um julgamento de um figurão e eles usam na defesa a invasão de privacidade por terem sido flagrados numa tramóia por uma filmagem me sinto tão pequeno e indefeso que me comparo à meleca.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 17/11/2011
Código do texto: T3340521
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