Melancolia

Cochila a luz da Confiança na sombra e no breu melancólico do Ciúme. Dorme entre mim e a situação.

Guerreiro Ciúme, que impeliu seu dardo negro e me feriu no clamor. Agora não há tristeza, alegria ou poesia; só restou o resto de mim.

Quem provou não mais se lembra da ferida… Quem causou não desejou nem perceber…, mas minha voz mórbida amarga e arde enquanto muitas outras gritam ou calam em sua ingenuidade, utopia, ofuscamento ou fiúza.

Há vidas se perdendo entre esses atos, se esvaindo pouco a pouco ou de uma vez; extinguindo seus porvindouros, encandeadas pelo brilho alienante da Confiança ou sob a monstruosa sombra do Ciúme.

Que coração mais obsoleto! Em meu peito antiquado tudo é paradoxal, dúbio, contraditório, e em meu aspecto tudo é só aparência, como espelhos que refletem a imagem que quem se coloca adiante quer ver. Cobiço e abdico de tudo. Tendo e precisando, abastado e vazio, cercado e abandonado, maleável e dogmático, brincadeira e fé, festa e funeral, pétala e espinho: Eu.

“Quando achei que encontrei todas as respostas, veio a vida e mudou todas as perguntas”.

Alguns fingem ter a personalidade que nunca conseguirão ter, por mais que desejem, então criticam ou abraçam. Fui abraçado e criticado por esses Alguns, e me iludi. Estúpido parvo!

É bom que o vazio aqui dentro seja preenchido pela incredulidade para que minha comiseração não mais me engabele, para que a dor do vento passando pela chaga em meu peito seja amenizada, para que eu esqueça de mim e não sinta mais saudades do meu futuro, para que me acostume a não sonhar, para que eu não descubra mais que minha espécie mente!

Tem gente que ganha de “Deus” o que merece… não sei se mereço ganhar, então me calo e escrevo, assim, tento redimir minha incapacidade de reagir, tento me erguer. Enquanto eu estiver escrevendo tema chegar-se, pois minha composição redime a minha face crudelíssima e vivifica minha pouca bondade, me mantendo ativo.

Catei o pó das minhas ilusões. Disseram que é possível construir castelos de pó… basta ter lágrimas e isso eu tenho, só não sei por onde se começa a construir algo sem fundamento. Ah, Lembrei-me: Estúpido parvo!

Entretanto luto, para que mais uma vergonha não se aposse de mim e eu venha a padecer completamente. Para que ao menos sinta orgulho de fracassar, mas de ter arriscado, ou sinta medo de acertando me magoar mais.

Luto para não ficar de luto por mim mesmo.