O ESTRANHO

Estou aqui pensando na solidão de um lindo domingo chuvoso. Nas minhas andanças pensamentosas deparei com o meu eu em confronto comigo mesmo.

Comecei a questionar a vida e os seus feitos mirabolantes. Meu eu convida- me então:

_ Cara, vamos sair por aí para tomar umas.

Respondi cheio de razão:

_ Não sou adepto. O álcool prejudica a saúde.

Então ele tira do bolso um cigarro, advirto:

_Se continuar fumando e bebendo vai acabar morrendo.

Fiquei atônito ao ser questionado por ele:

_Seu pai fumava?

Respondi com orgulho:

_Não, nunca fumou nem consumiu bebida alcoólica !

Continuou:

Sua mãe ingeria bebida alcoólica?

Retruquei:

_ Não, nunca bebeu nem fumou!

Ao que ele me disse:

Então os chame, por favor, quero parabenizá-los.

Respondi:

_ Não posso, estão mortos.

Em silêncio pude vê-lo se afastando baforando uma densa fumaça. Dirigiu-se ao bar de sempre onde pude observá-lo a saborear uma cachaça da boa. O maldito de longe parecia zombar de mim. Não o retruquei. Cada um faz da vida o que bem quer. Só não fiquei muito satisfeito ao constatar o tamanho do seu egoísmo. Enquanto tento preservar a vida dele a todo custo, sem nenhuma preocupação com o futuro ele se esbalda e acaba sem nenhuma piedade devorando a minha.

Enquanto penso:

_ Seu babaca! Quero estar vivo em 2060.

Ele pensando:

_ Idiota, em 2050 estará tão morto quanto eu.

Saulo Campos- Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 20/11/2011
Reeditado em 20/11/2011
Código do texto: T3346527
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