Redenção
Esther Ribeiro Gomes
‘Não apresse o rio, ele corre sozinho,
vai seguindo o seu caminho, apressa-se nas cachoeiras,
desliza de mansinho nas baixadas, precipita-se nas cascatas,
sabe que há um ponto de chegada, seu destino é para a frente,
o rio não sabe recuar, seu caminho é seguir em frente,
ao encontro do mar...’
(Barry Stevens)
No crepúsculo da vida, caminho devagar e qual doce rio, vou seguindo em frente, aprimorando o espírito, desejando esquecer as tristezas que ficaram para trás...
Entro em sintonia com Deus e com Ele converso nas madrugadas de nostalgia.
Sinto que Ele me escuta e uma paz infinita me invade...
Ah, solidão doída que atormenta a alma, mas encontro lenitivo nas boas recordações que afagam meu coração...
Na escuridão da noite pensamentos afloram a relembrar os momentos felizes, mas rastros de tristeza que gostaria de esquecer ressurgem das cinzas.
São lembranças que ficaram tatuadas na memória...
O sofrimento é redenção, os erros, aprendizado, mas as mágoas teimam em não apagar os passos que deixei para trás, causando marcas profundas e indeléveis.
Na solidão da noite tudo se agiganta e o silêncio que faz adormecer, muita vez atormenta minh’alma contrita, refazendo as pegadas que não consigo apagar, porque o passado não posso mudar!
Em oração, uma vela se acende na escuridão da alma e agradeço a Deus o carinho do Seu colo nos momentos difíceis da minha caminhada, pedindo a Ele o esquecimento que traz a paz.
Sinto as lágrimas descerem pela face e uma luz de esperança renasce, junto aos primeiros raios de sol que entram pela janela, trazendo o gorjear dos passarinhos a me dizer que a vida é bela!
Então mando embora o desgosto, visto um sorriso no rosto e, refeita, vou colher os frutos da minha redenção...
Quando a noite novamente chegar, acenderei a vela da esperança e adormecerei nos braços da paz, em sonhos leves de criança, pois tenho um candeeiro a iluminar meus passos!