A Luta pela Luz do Mundo

A Luta pela Luz do Mundo




Essa luta é bastante conhecida e seu movimento se dá através de exemplos. Temos o caso do beija-flor que, ao deparar-se com a floresta em chamas, bandeia-se para o lago, enche o bico de água e em seguida volta-se para o foco do incêndio, lançando ali a água que recolhera com o bico. Os outros bichos dão de ombros, fogem e ainda se dão ao trabalho de criticá-lo.

Temos a centenária estátua em solo anglo saxão, em cuja base está escrito: “Isso que vivemos não são trevas, mas ignorância”. Mesmo imóvel, a estátua integra o movimento.

Há também o trecho de uma correspondência entre um ilustre desconhecido para, supõe-se, um grande amigo que estava prestes a sucumbir: “Não desista. Não é cair que gera o derrotado, mas sim a desistência. Quedas, para guerreiros – e você pertence à estirpe, queira ou não – são oportunidades para se levantar e continuar lutando”.

Nesse ponto da jornada da leitura urge salientar que os casos acima não passam de exemplos solitários. Existem outros, ingentes, supremos, mas mesmo estes, no instante em que ocorreram, raríssimas foram as mentes que perceberam-lhes a magnitude. Foi preciso tempo.

Elucubrando sobre caso do beija-flor, devido a extensão da floresta, a princípio alguns bichos nem perceberam. Conta-se que a coruja dormia e que três gazelas estavam ocupadíssimas com uma nova variedade de grama. Em geral, pensando em termos naturais, incêndios começam com uma fagulha. Milênios mais tarde cientistas descobriram que mesmo com a devastação, todos os elementos químicos da floresta permanecem intactos em seu solo. Outro dado interessante é que o gesto do beija flor, isolado, como se sabe, continua a ser lembrado.

Com relação a estátua, o mais importante desse exemplo reside, obviamente, na inscrição, que não deixa de ser um lembrete poderoso. Pessoas que viajaram até o local depois regressaram para seus lares, parentes e amigos, e alguns se lembraram da mensagem: “Não são trevas, mas ignorância”. Há algo simplesmente invencível no gesto de passar adiante as coisas que realmente importam.

No que tange a correspondência entre amigos, vigora o sagrado da troca, e a consciência de que tanto um quanto outro foi parte essencial nesse processo.

Assim, perante esses pequenos exemplos, é possível deduzir - uma vez mais - que o mal nunca vence o bem.



(Imagem: afresco da capela medieval de Santa Helena no Val d ' Ega no Sul do Tirol)
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 25/11/2011
Reeditado em 27/08/2021
Código do texto: T3355751
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