SÓ PRA CONFERIR
 
 
- Edileuza, você parada aí? E o jantar?
- Tava aquí desvagando, patrôa.
- É divagando, Edileuza - mas sobre o que?
- Tava pensano qui todos os hômi são igual  Taí o meu nêgo, o Arlindo, que eu num vejo tem mais de 15 dias. O danado, quando dá as cara, vem chegano di mansinho, me abraça, morde minha oreia, funga no meu cangote e vai passano a mão na..
- Sem detalhes, Edileuza.
- ..pois é, e despôs quando a gente se alembra aí num tem mais jeito, tá ferrada.
- Falando nisso, Edileuza, você está usando as pílulas que eu te dei?
- Craro, D Lili, tô tomano direitim.
- É, porque do contrário daqui há pouco você está aí cercada de moleques remelentos agarrados na sua saia.
- Credo, cruz, patroa! Vira essa boca pra lá!  Mas daqui pra frente num vai acontecê nadinha, a gente tem que se valorizá e eu já dicidi; vou botá ele nos eixo, num caio mais em conversa...ele vai ter mais descoro.
- Decoro, Edileuza.
- ...é isso aí, essa coisa que todos diz qui político num tem. Aquele nêgo vai comer o pão que o diabo amassou, aliás, nem isso; ele vai é ficá cum fomi mermo!
-  Muito bem, Edileuza, a mulher tem que assumir o seu lugar, não pode ficar por aí servindo de brinquedinho e, depois, largada de mão.  Força, Edileuza, força.!
- Xacumigo, D.Lili, num quero choro nem vela! Ah, ele vai vê e como! Si ele tá pensano que é chegá, tirar as...
- Edileuzaaaa! Olha o telefone. Atende aí.
!
- Adivinha quem era, patroa?  Era aquele sem-vergonha mermo. Apareceu do nada e já veio logo cum aquele papo de baba de quiabo.  Disse que vai passar lá no barraco porque tem uns assunto muito sério pra falá cumigo e tá levano uma garrafa de vinho. Podi?
- Mas você não vai amolecer agora, vai, Edileuza?
- Craro qui  não, D Lili, falei tá falado!  Agora, a sinhora me dispensa hoje mais cedo?
- Edileuza, você acabou de dizer que não ia morder essa isca , não foi?
- Foi, mas eu só vou pra conferí!
- Boa-noite, Edileuza.
paulo rego
Enviado por paulo rego em 26/11/2011
Reeditado em 26/11/2011
Código do texto: T3357411