Muito mais do que 50 coisas
 
Nessa era da internet o que não faltam são textos de autoajuda publicados a torto e a direito sobre tudo e sobre nada, muitas vezes sem autoria ou com autoria falsa. Assim a gente lê de tudo e se alguém pergunta somos incapazes de responder a mais simples das perguntas: De quem é isso? Li não sei onde e nem quando, sobre a importância do esvaziamento – esvaziar móveis, cômodos e mente, com o objetivo de renovar a vida – é o que estou fazendo, movida pela necessidade geográfica: estamos passando por essas mudanças dentro da própria casa e transportando objetos de um lugar para o outro e esvaziando gavetas e armários. Olho ao meu redor e constato aterrada, o tanto de tralha que venho juntando esses anos todos. Coisas inúteis das quais nem me lembrava mais, estão se empilhando em busca de um melhor destino, que na maioria das vezes será o lixo, mesmo que seja reciclável – bem mais de cinquenta coisas e com isso vou ganhando espaço. Só espero que não seja para colocar lixo novo.



Nesse mexe e mexe daqui para ali e de lá para cá certamente terei algumas perdas, mas já noto muitos ganhos – meu baú de escritos está a caminho de se tornar organizado. Em um único lugar coloquei tudo o que escrevi e foi publicado, em jornais, revistas e participações em livros, tudo o que escrevi e que está organizado – dois livros de poesias e três romances, sendo um em co autoria.  Esse lugar já chamo de minha arca do tesouro,  pois ali está  minha maior riqueza – os frutos do meu pensamento, o produto de minha mente.

Em outro local, mais accessível e agora reunidos, meus romances inacabados, meus textos esparsos, colocados agora de forma que eu possa trabalhar com eles e deixa-los agrupados  para que possam um dia, quem sabe, se tornarem livros publicados, vendidos e lidos.


Estou aqui lutando para continuar dentro desse tema – a necessidade de abrir espaços para que a vida possa fluir, porque minha mente teima em pensar em outra coisa: a razão pela qual eu nunca, realmente, me interessei por publicar meus escritos. Só que meu pensamento em um momento de lucidez me garante que não é hora para isso – agora é hora de jogar fora o lixo acumulado e continuar procurando e me livrando de mais lixo. Questões psicológicas vou deixar para quarta-feira buscando ajuda com minhas parceiras na sessão de terapia de grupo. Ou com meus leitores virtuais que podem dar alguns palpites.