Busca Eterna

A vida é uma intensa controvérsia. A insatisfação interior passa a impressão de que nada sacia. Parece vir dos primeiros contatos do homem com a existência. Amplia ainda mais esta discussão, quando vimos pensadores renomados se embaraçarem nas linhas de raciocínio sobre esta batalha corrosiva do interior. Muitos não suportam o peso do embate psicológico e quedam no desarranjo dos seus mais severos conceitos, se alienam em manicômios passando a sub-existir no meio das suas secreções e oratórias sem nexo. Há também aqueles que se deixam levar pela barca exorbitante do álcool e das drogas. Na sarjeta torturante uma interrogação de aço lhes crava no peito dilacerando o sentimento de recriação da lógica. Sheakespeare na dúvida de Hamlet, Galileu e o heliocentrismo que por receio da morte desdisse o que pensara para viver no seu asilo interior. Nietszche, Roterdam, Schopenhauer, Frida Kalo, Edgar Allan Poe, Lima Barreto, Maura Lopes Cançado e Fernando Pessoa, entre tantos e tantos. É longa a trilha de inconformados explícitos que dissertaram sobre a inquietude fustigante da vida. Enquanto aos meros mortais sobram angustias que sem dom para transformá-las em artigos, crônicas, contos ou novelas se condenam a pesadelos, depressões e suicídios. É fácil encontrar uma criança que na sua ingenuidade mais atroz, deseja ficar adulto achando que seu pequeno mundo não tem o mesmo prazer do outro, daquele que manda que grita que bate que usurpa e guardadas as proporções faz o que bem quer ledo engano. Separa-se do brinquedo e vai brincar no computador, entre os sítios indicados e contra-indicados se deparam com aquilo que só veria alguns anos a frente, jogam nos avançados combates dos games sangrentos e adquire precocemente a vontade de destruir, eliminar para fazer pontos. Os diminutivos carinhosos de dentro de casa, passam a ser proibidos para não “pagarem mico”diante dos amigos.E o tempo passa, voando como um pedaço de papel surpreendido pela ventania. Ao chegar à vida adulta que as responsabilidades aumentam, onde a sobrevivência se condiciona a lei da produtividade em escala compatível, o vídeo das memórias rebobina saudosista e as brincadeiras não brincadas começam a fazer falta. Neste momento um espectro de criança assassinada parar ser adulto chora naquele corpo e reclama ressurreição. Uma janela esquecida no tempo se abre para ver um orvalho fresco que infelizmente outrora se diluiu no espaço e perdeu-se para sempre. Relembrando Cazuza “O tempo não para”. Por isso viva a cada dia com a intensidade daquele dia. O resto vai acontecer amanhã, quer queiramos ou não.