CRÍTICAS, CRÍTICAS, NUNCA UM SÓ ELOGIO
“Pare de agir como uma criança.”
“Ora, já se viu, tamanho meninão parecendo um bebezinho.”
“Vamos, pare de ser criança, comporte-se.”
O menino assustado, amedrontado, aterrorizado, tinha seis, apenas seis, somente seis anos, e, desde o romper do sol até as trevas da noite, só e só era esmagado com esses gritos, vindos das duas tias solteironas, do padrasto medonho, da avó e da mãe.
Nunca, nunca, nunca, um elogio, um carinho, uma aprovação, um abraço. Nada!
Passou a odiar ser criança. Maldizia ser criança. Não queria ser criança.
Nunca brincava. Brinquedo era coisa de criança e ele estava proibido de ser criança.
Setenta anos depois, no leito de morte, ele viu o menino de seis anos, o menino de olhos enormes, o menino assustado, amedrontado, aterrorizado.
E achou muito, muito bom, finalmente morrer!